Pernambuco

Coluna

Grito dos Excluídos, Mutirão pela Vida

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As forças populares se unem a organizações e entidades de toda a sociedade civil no grito comum: Fora Bolsonaro - Jorge Leão/RBA
Querem sustentar um presidente desalmado que incita o povo brasileiro à violência e ao golpe

Pela vigésima sétima vez, o sete de setembro, no qual fazemos memória da independência formal do Brasil é marcado por concentrações e caminhadas que ocorrem em mais de 200 cidades do país, coordenadas pelos movimentos sociais e algumas pastorais de Igrejas cristãs. Como nos anos mais recentes, este Grito dos Excluídos e Excluídas tem como tema: “Vida em primeiro lugar”. 

Atualmente, estamos enfrentando uma realidade mais desafiadora do que nunca. A pequena elite que domina o país, algumas lideranças religiosas fanáticas e um setor das forças armadas, com a conivência de grandes meios de comunicação, querem sustentar um presidente desalmado que incita o povo brasileiro  à violência e ao golpe contra as instituições democráticas. Depois de serem responsáveis pela morte de quase 600 mil pessoas, vitimadas pela pandemia e pela política negacionista do governo, essa elite escravagista quer garantir seus privilégios e concluir a destruição dos instrumentos democráticos do país. 

Por isso, as forças populares, além de defender a vida em primeiro lugar, se unem a organizações e entidades de toda a sociedade civil no grito comum: Fora Bolsonaro. No entanto, o presidente é apenas instrumento de um projeto maior que continua dominando as estruturas do país. Mesmo alguns setores sociais que, cansados dos desvarios, condenam o presidente, ainda apoiam a política econômica genocida de Paulo Guedes e da elite que o sustenta.  

Contra tudo isso, grande número de entidades e movimentos da sociedade civil se une no processo de construção da VI Semana Social Brasileira que se consolida como grande Mutirão pela Vida com admirável trabalho de educação popular, mobilização das bases e aprofundamento de temas como a Ecologia Integral, a Economia de Francisco e Clara, a soberania alimentar e outros desafios urgentes. Esse Mutirão pela Vida dá prioridade à Terra, ao Teto e ao Trabalho humanos, mas se inclui em uma defesa da Vida que é dos animais, das plantas e do planeta Terra.  

Todos nós concordamos com o papa Francisco quando ele escreve: “Não existem duas crises separadas, uma ambiental e outra social. Elas são uma só e a resposta a uma tem de ser ao mesmo tempo a outra” (Laudato si, 139). Mas, aí vem o primeiro desafio: Não é possível ecologia integral nesse atual sistema capitalista e na sua cultura e sua forma de organizar o mundo. 

Quem destrói a vida e a natureza não é a humanidade em si. É este sistema econômico e social que transforma tudo em mercadoria e privilegia o lucro sobre a vida. Para participarmos deste grande Mutirão pela Vida temos de nos colocar contra o sistema capitalista depredador da natureza e assassino de uma multidão de pobres, responsável pela fome e pela miséria de milhões de pessoas.

É inadmissível que enquanto a maioria da humanidade sofre com essa pandemia cruel, 44 brasileiros tenham multiplicado suas fortunas bilionárias. Nesta semana da pátria, é preciso ficar claro que sem acabar com essa apropriação iníqua dos bens comuns e sem distribuição mais justa das riquezas do país nunca conseguiremos a verdadeira independência do Brasil e do seu povo. 

Para toda pessoa que vive algum caminho de aprofundamento espiritual, esse desafio não é apenas social e político. Ele se fundamenta na fé que deve ser adesão à proposta divina de paz, justiça e comunhão com toda a humanidade e com a natureza, na qual reconhecemos a presença atuante do Divino Espírito de Amor. 

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

 

Edição: Vanessa Gonzaga