Rio de Janeiro

257 DISPAROS

Militares vão a julgamento mais de 900 dias depois de matarem músico Evaldo e catador Luciano

Carro de músico foi alvejado à luz do dia na zona oeste do Rio quando ele ia com a família para um chá de bebê

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A vítima, Evaldo dos Santos Rosa, morreu na hora do crime
A vítima, Evaldo dos Santos Rosa, morreu na hora do crime - Reprodução / TV Globo e Reprodução / Facebook

Passados mais de 900 dias das mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo, a Justiça Militar da União (JMU) julgará nesta quarta-feira (13) os 12 militares em uma ação do Exército, em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro. Na época, os militares alegaram que confundiram o carro de Evaldo, que foi alvo de 257 disparos.

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O caso ganhou repercussão mundial. Evaldo, de 51 anos, ia com a família para um chá de bebê e o carro em que a família estava foi alvo de militares à luz do dia. O músico morreu na hora, mas seus familiares sobreviveram. O catador Luciano, de 27 anos, que estava nas proximidades, tentou ajudar a família de Evaldo e também foi atingido e morto pelos militares.

A audiência já foi reagendada três vezes pela Justiça Militar a pedido dos advogados dos réus. Os militares acusados respondem pelos seguintes crimes: homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro.

Na época do crime, ocorrido em 7 de abril de 2019, o caso ficou conhecido como o dos "80 tiros", número de disparos que se acreditava terem sido feitos. Mas laudos produzidos durante a investigação comprovaram que o crime foi ainda mais grave: 257 disparos foram efetuados pelos militares.

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Segundo uma parente da família, os militares abriram fogo sem realizar qualquer abordagem prévia e mesmo depois dos passageiros no banco de trás terem fugido com a criança no colo, os militares continuaram atirando. O catador Luciano Macedo, que passava pelo local, faleceu 10 dias depois.

O julgamento dos assassinos por uma corte militar decorre da Lei 13.491/2017, sancionada pelo então presidente Michel Temer. Na época, o Brasil de Fato entrou em contato com o Comando Militar do Leste (CML), que respondeu que “não comenta processos em curso na Justiça Militar da União”.

Edição: Eduardo Miranda