São Paulo

Governo Doria trai acordo com metroviários e dá sequência à venda da sede do sindicato

Jornal Brasil Atual também fala sobre ação no STF para deixar aposentados e pensionistas fora da PEC dos Precatórios

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Metroviários se mobilizaram durante meses para manter a sede do sindicato, inaugurada há 30 anos no bairro do Tatuapé - Sind. Metroviários SP

Pouco mais de um mês após firmar um acordo com os Metroviários de São Paulo para suspender a venda do terreno da sede do sindicato, o governo Doria traiu os trabalhadores. Segundo Altino Prazeres, coordenador do sindicato, o governo tucano recebeu, na última segunda-feira, a parcela que faltava para oficializar a venda da área para a Porte Engenharia, vencedora do leilão.

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“O governo tinha acertado que deixaria a sede com o Sindicato dos Metroviários. E que ele também ia ver as formas legais de fazer isso e a gente não teria problema. E mais, que ia acertar também o acordo da campanha salarial que não conseguimos resolver com a empresa neste ano, porque fizemos a greve. Aparentemente estava tudo acertado, só que precisava assinar o acordo. E aí a gente descobriu na segunda que a empresa Porte Engenharia pagou 80% do valor e que o Metrô já ia assinar a desocupação do terreno para essa empresa”, explica.

Na terça, os trabalhadores ocuparam a sede do Metrô, no centro da capital paulista, reivindicando uma reunião com o diretor-presidente do Metrô, Silvani Pereira, e o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo Galli. Altino destaca que os metroviários não descartam novas mobilizações e paralisações para impedir a venda do terreno e o despejo da sede do sindicato.

"A gente fez um protesto, ficamos até às 3 da tarde tentando conversar com o diretor-presidente do Metrô, Silvani Pereira, e o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo Galli. Nós não vamos sair do Sindicato do Metroviários, vamos resistir, lutar, e exigir do governo que cumpra o que foi combinado. E se for caso nós vamos mobilizar a categoria contra esse absurdo de não cumprir a palavra que foi acordada. Isso mostra que essa empresa Porte Engenharia, por algum motivo tem um peso muito grande, pelo menos no Metrô de São Paulo, pois consegue ganhar da decisão do governo".

Entenda o caso

O acordo para suspender a venda do terreno da sede do sindicato dos Metroviários foi firmado no dia 29 de setembro, em uma reunião entre parlamentares, líderes sindicais e representantes do governo. Ficou acordado que o governo Doria cancelaria a venda do terreno e assinaria um novo termo de concessão de uso da área onde está a sede do sindicato. O encontro teve participação dos deputados federais Orlando Silva, do PCdoB, Carlos Zarattini, do PT, do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, do vice-governador, Rodrigo Garcia, e do secretário de Projetos e Ações Estratégicas Rodrigo Maia.

Além disso, foi acordado também que o governo iria acatar a decisão da Justiça do Trabalho, mantendo o atual acordo coletivo da categoria, aplicando um reajuste salarial com reposição da inflação do período. De seus 40 anos de existência, o Sindicato dos Metroviários está há 31 anos na atual sede, na Rua Serra do Japi, no Tatuapé, zona leste da cidade de São Paulo.  Em 1990, o então governador paulista Orestes Quércia estabeleceu um termo de concessão de uso aos trabalhadores metroviários. Os trabalhadores relatam que foi a categoria, com seus próprios recursos, que construiu o edifício sede com salas, quadra, estúdio musical e até uma praça. Em maio deste ano, no entanto, sem qualquer diálogo com a categoria, o Metrô leiloou o terreno onde está a sede e ingressou com um pedido de reintegração de posse para despejar os trabalhadores.

Os metroviários relataram que não lhes foi dada qualquer oportunidade de negociação ou participação na venda do terreno e consideram que a ação foi uma medida antissindical, com explica o também coordenador do sindicato, Wagner Fajardo. "A direção do Metrô resolveu retirar a sede do sindicato, não renovar o comodato e antecipar a nossa saída. A gente acha que (foi) numa atitude mesmo antissindicalista. Mas não sabemos até que ponto. A gente tentou desde o início sensibilizar o governo através das centrais sindicais, dos parlamentares, através de diversas organizações que nos apoiaram. Então, nós não sabemos se foi uma política de governo ou se foi uma política da direção do Metrô. De qualquer forma, nós utilizamos todos os recursos políticos e jurídicos para tentar evitar a concretização desse ataque a categoria".

Nos últimos meses, houve vários indicativos de que despejo seria realizado, mas isso não ocorreu. A Rádio Brasil Atual questionou o governo Dória sobre o rompimento do acordo com os Metroviários, mas não obteve resposta.

Confira esta notícia e todos os destaques do dia no áudio acima. 
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Edição: Rede Brasil Atual