Uma solidariedade ativa perpassa por envolver e protagonizar a classe trabalhadora
O ano de 2021 não foi fácil. É possível dizer que houveram avanços na questão sanitária, no entanto, o cenário social do país mostra que a situação enfrentada hoje pelos brasileiros não pode ser atribuída somente à pandemia: cortes em programas sociais, aumento do desemprego, despejos e a mais avassaladora das chagas sociais: a fome, que se aprofundou de maneira dilacerante.
Em meio a tudo isso, o povo tem se ajudado como pode. Mas nos movimentos populares, essa “ajuda” vai além de uma ação pontual. A solidariedade é um pilar fundamental e que possibilita a abertura de portas para o diálogo com a população, tanto dos centros urbanos como do campo.
Logo no começo da pandemia, em março de 2020, surgiu no Recife o Mãos Solidárias. O projeto é uma campanha que atua através da soma de diversas organizações, voluntários e movimentos populares no enfrentamento à pandemia. Tudo começou com a distribuição de marmitas para pessoas em situação de rua do Recife. Mas o projeto foi ganhando mais vida e capilaridade, e outras frentes de trabalhos foram consolidadas, na área de Saúde, Trabalho e Renda, Direitos, Comunicação e Educação. O resultado foi tão positivo que começou a se espalhar por diversos estados do país, através da rede Periferia Viva. Um deles, a Bahia.
Leonardo Barbosa é secretário estadual da campanha Periferia Viva e tem integrado as ações pela Bahia. Ele explica que o movimento trabalha com a concepção de uma solidariedade ativa. "O que seria isso? Não buscamos chegar na comunidade fazer uma doação, bater uma foto e postar nas redes sociais. É muito mais do que isso. Uma solidariedade ativa perpassa por envolver a classe trabalhadora no processo, principalmente com saldos organizativos", explica.
Ele avalia que o saldo tem sido muito positivo. Na campanha, existem os “agentes” que mediam essas ações. São os agentes populares da saúde, da educação, e de alimentos, por exemplo. Leonardo conta que os agentes populares da saúde foram essenciais para reoxigenarem o setor da saúde nos períodos mais críticos da pandemia. Já no âmbito da segurança alimentar, foram cerca de 8 mil cestas básicas distribuídas entre 9 cidades: Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, São Francisco do Conde, Guanambi, Caetité e Cachoeira e Malhada.
A campanha Periferia Viva fez tudo isso solidificando laços com as comunidades por onde passavam, fazendo da solidariedade uma oportunidade de conexão com a classe trabalhadora. Sendo assim, uma força motriz capaz de transformar realidades. Para ouvir o programete completo, ouça o áudio no início desta matéria.
O Vozes Populares é um programete semanal gravado com média de 5 minutos de duração e traz análises de movimentos populares sobre temas como cidadania, direitos humanos, política, feminismo e assuntos da conjuntura política brasileira. Confira outras edições em nosso site.
Edição: Vanessa Gonzaga