Rio Grande do Sul

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Resistência, unidade, cuidado, solidariedade, esperançar

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"Unidade na rua, unidade nas mobilizações, unidade programática e eleitoral"
"Unidade na rua, unidade nas mobilizações, unidade programática e eleitoral" - Foto: José Eduardo Bernardes / Brasil de Fato
Sem medo, sem desespero, 2022 exige coragem

Que dizer e escrever no primeiro artigo do novo ano, este esperado 2022? E, de preferência, com palavras que possam ficar marcadas no tempo, relidas com alegria daqui a dez anos, mostrando correta análise de conjuntura e boa percepção de futuro, ambas eternizadas.

Cinco palavras são fundamentais para e em 2022: resistência, unidade, cuidado, solidariedade, esperançar. Os tempos e o ano são, e serão, tri difíceis. Mas sempre há espaço para a boa vontade, o sonho, a utopia e a vida.

É fundamental que a resistência ativa dos últimos anos se aprofunde em 2022: mobilização na rua, debates no Fórum Social das Resistências e no Fórum Social Mundial Justiça e Democracia em Porto Alegre de 26 a 30 de janeiro, muito trabalho de base e formação na ação, especialmente nas periferias, um 8 de Março de luta, um Primeiro de Maio como nunca antes aconteceu, trabalhadoras e trabalhadores na rua. Até chegar o período quente da eleição, a partir de junho, com um programa democrático-popular para mudar estruturalmente o Brasil. Mostrar que o povo brasileiro continua cheio de sabedoria, resistindo, construindo o futuro, a soberania, os direitos de trabalhadoras e trabalhadores, a justiça com distribuição de renda, riqueza e poder, afirmando a democracia.

2022 deverá ser um ano de unidade do campo democrático-popular em todos os espaços: na rua, na construção de um programa de mudanças estruturais, programa combinando reforma e revolução, com unidade nas alianças eleitorais dos que resistem ao fascismo. Povo unido jamais será vencido. Esperança unida derrota o conservadorismo, a direita e a ultradireita neofascistas, o ódio, a intolerância, os preconceitos de todos os tipos. Unidade na rua, unidade nas mobilizações, unidade programática e eleitoral.

Cuidado com a vida, cuidado com a natureza, cuidado com todos os seres vivos, cuidado com os que sofrem, cuidado com a outra, com o outro, cuidado com a Casa Comum é decisivo nesta quadra das história. As chuvas no Nordeste e Sudeste, a seca no Sul não são apenas sinais das mudanças climáticas e do aquecimento global. São sinais de que o futuro do planeta e da humanidade está em perigo imediato. A pandemia, com novas cepas e sob novas formas, poderá atravessar todo 2022. Todo cuidado é pouco. "É preciso estar atento e forte."

Solidariedade, em primeiríssimo lugar, com quem passa fome, com quem está desempregado, com quem está na miséria, com quem mora nas ruas. É fundamental manter e ampliar os Comitês Populares contra a Fome, as Cozinhas Solidárias e Comunitárias, o Natal Sem Fome, articular nacionalmente uma Frente contra a Fome. A Economia Solidária, com feiras como a Feicoop - Feira Internacional de Cooperativismo, de Santa Maria - entre tantas outras feiras e eventos, espalhadas por todos os lugares, agora também inspiradas e apoiadas pela Economia de Clara e Francisco, incentivada pelo Papa Francisco, é exemplo de um novo tipo de economia e sociedade, com valores não-capitalistas, com políticas públicas e participação popular. Economia e sociedade que devem ser baseadas na igualdade, na justiça social, na produção e distribuição solidária de bens, da riqueza, da renda e do poder.

Esperançar como se Paulo Freire estivesse vivo e ao nosso lado, lembrando que esperançar não é esperar sentado, de braços cruzados, para que as mudanças e o novo aconteçam. Esperançar em 2022 é, profeticamente, fazer a esperança, o sonho, a utopia acontecerem, tornarem-se realidade na vida das pessoas e das comunidades, nos movimentos sociais, nos governos democráticos, na sociedade como um todo.

2022 está apenas começando. Há muito chão pela frente. Sem medo, sem desespero, 2022 exige coragem. E muita sorte, muitos abraços, muita energia, muita dignidade, muita fé. Ninguém solta a mão de ninguém.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Marcelo Ferreira