Pernambuco

Coluna

A Ômicron ronda o retorno às aulas em Pernambuco

Imagem de perfil do Colunistaesd
"A preocupação é que, com a retomada das atividades presenciais nas escolas, a infecção pela Covid-19 se alastre ainda mais" - Foto: Divulgação/Governo do Rio
A diminuição na taxa de óbitos não nos autoriza a sermos negligentes

O último dia 29 de janeiro registrou, em Pernambuco, o maior número de infecções confirmadas em 24 horas desde o começo da pandemia: em apenas um dia, foi confirmada a infecção de 6.581 pessoas no Estado. E é certo que esse número tende a estar muito subestimado, diante da dificuldade de se conseguir fazer os testes e exames para detectar a Covid-19 no estado. A iniciativa do governo estadual em abrir mais um Centro de Testagem para Covid, no último dia 31, não dará conta da crescente demanda por testes que o povo de Pernambuco está precisando nesse momento.

O cenário de guerra que estamos vendo nos postos de saúde e também nos hospitais do estado, em que a necessidade da população de saber se está com a doença termina por ajudar ainda mais na disseminação do vírus, porque são formadas aglomerações em filas e nos postos de saúde, deixa claro o erro de planejamento da política pública de atenção básica em saúde.

Quando mais precisamos de uma estratégia consequente da nossa saúde pública em realizar campanhas de testagem em massa de nossa população, colocando os equipamentos públicos e as equipes de saúde dentro das comunidades, o governo propõe uma solução que tende a aumentar a aglomeração das pessoas. O pior é que a iniciativa de criar um centro de testagem no Centro de Convenções de Pernambuco, longe e de difícil acesso à população mais pobre, favorece somente aqueles que têm carro para o seu transporte individual.

E no meio de todo esse cenário de caos na saúde do estado, com uma taxa de ocupação enorme das UTIs de nossos hospitais, temos a iminência de retomada das aulas presenciais em nossa rede de ensino estadual. A preocupação com a preservação da vida das educadoras e educadores, assim como também com toda a comunidade escolar, nos deixa receosos quanto à pertinência desse retorno. A preocupação é que, com a retomada das atividades presenciais nas escolas, a infecção pela Covid-19 se alastre ainda mais, trazendo problemas maiores para a nossa rede hospitalar, que já se encontra saturada em muitos locais.

Depois de tanto tempo com as escolas fechadas, não vimos avanços na construção de novas unidades de ensino, essencial para manter o distanciamento social entre os estudantes quando estiverem em sala de aula. As adequações necessárias na infraestrutura escolar também não foram feitas, como as melhorias na ventilação das escolas. É fundamental, agora, que o governo tome as medidas necessárias e urgentes para proteger a vida dos/as professores/as, funcionários/as, estudantes e todo o conjunto da comunidade escolar do Estado. Não queremos e nem podemos ter mais gente doente espalhada pelos postos de saúde, à procura de testes que não existem.

Por isso é muito importante que o governo se disponha ao diálogo com os sindicatos da categoria. Que converse com os pais e mães dos/as estudantes. Que garanta alternativas a esse momento delicado pelo qual estamos passando. O avanço da vacinação e da imunização da população é importante para não termos mais casos graves dessa doença, que vitimou tanto nosso povo. Mas a diminuição na taxa de óbitos não nos autoriza a sermos negligentes nesse momento de retomada das atividades presenciais nas escolas.

Se em tantos municípios do estado as atividades presenciais dos poderes legislativo e judiciário foram novamente suspensas agora, com o recrudescimento da Covid por causa dessa nova variante Ômicron, temos que ter o mesmo cuidado quando formos discutir a retomadas das aulas em nossos municípios e Estado. Trata-se de um debate de saúde pública que não pode e nem deve ser travado sob a ótica do mercado.

Nesse momento em que os/as educadores/as de todo o país estão discutindo e cobrando dos governos o reajuste salarial do piso do magistério, o debate de um retorno presencial das aulas com segurança para toda a comunidade escolar deve entrar novamente em nossas pautas. E o SINTEPE, como legítimo representante dos/as educadores/as da rede estadual de ensino de Pernambuco, já está atento a isso e, sem perder tempo, já cobra do governo estadual medidas para resguardar a saúde de toda a comunidade escolar. 

Devemos ajudar a acabar com essa pandemia e qualquer decisão mal tomada, em um momento desses como o que estamos vivendo, não pode ir em outra direção senão aquela de contribuir com isso. Pela vida dos/as educadores/as e de toda a comunidade escolar de Pernambuco, todas e todos nos unimos contra a Covid!

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.

Edição: Vanessa Gonzaga