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Luta por hegemonia: antiga ideologia dominante

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O Ocidente está em crise, mas ao invés de reconhecer o descaminho socioeconômico, insulta a China e a Rússia - Foto: PETRAS MALUKAS/AFP
A globalização gerou discórdias e radicalismo no seio das sociedades

A ambição de hegemonia vem sempre de mandatários ou sequência destes, como dinastias, oligarquias e plutocracia, com logos períodos de mandatos.  Antonio Gramsci aplicou o termo hegemonia nas relações socias, sendo a capacidade de um grupo social de comandar outros. Quanto mais difundida é uma ideologia, mais estável se torna a hegemonia.

De longo tempo vem a hegemonia da classe dos proprietários dos meios de produção, em que o Estado exerce funções administrativas e diretivas para a classe dominante. Para Gramsci, cabe aos intelectuais orgânicos o papel de explicitar as contradições dos grupos dominantes e fortalecer as classes subalternas. Da mesma forma, as hegemonias de antigas nações tiveram fim por causa das contradições e choques de interesses em seus interiores. 

Joe Biden é responsável pela guerra fria que agora se reinicia

Alexandre Magno (356/323 aC), empreendeu conquistas do Norte da África e chegou a Índia. Nos territórios conquistados fundou 20 cidades que tomaram o nome Alexandria, como no Egito. O Império Romano foi de 27 AC a 476 dC. Abrangia Europa, África e Ásia.

Com o fim da Idade Média e alvorecer dos tempos modernos, ao longo dos séculos XVI a XIX, a Inglaterra dominou o Atlântico Norte, usando de seu poderio econômico e naval. O Império Britânico era composto por colônias, domínios, protetorados e territórios administrados pelo Reino unido. A rainha Vitória, que incentivava e acobertava o tráfico de drogas, protegia piratas para que eles assaltassem navios espanhóis carregados de mercadorias procedentes da América.

Visando destruir o Império Britânico, a França, em 1806 decretou o bloqueio continental proibindo todos os países de comerciar com a Inglaterra. Como a Rússia não obedeceu a tal proibição, o exército de Napoleão a invadiu em 1812, com 600.000 militares, mas foi tragicamente derrotada, provocando a decadência da França no Ocidente.

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Em 1941, a Alemanha de Hitler resolveu atacar a Rússia, quebrando um tratado de não agressão com a URSS. Da mesma forma que Napoleão, a derrota de Hitler na Rússia derrotou a Alemanha, derrotando o nazismo e colocando fim a segunda guerra mundial.

A supremacia dos Estados Unidos começa logo após a independência, em 1773, mas se acentua no final da segunda guerra mundial. Liderou os países ocidentais fazendo oposição à UR$S. Com o fim da URSS, em 1991 os EUA lideram a cooptação dos países que a ela pertenciam, por meio de ingressos na OTAN.

A ocupação do Iraque é o protótipo de como os EUA guerreiam contra outros países. O motivo apresentado foi a falsa acusação de que Saddan Hussein havia desenvolvido armas atômicas e era uma ameaça ao Ocidente. Daí a humilhação de enforca-lo em praça pública, além de 183.000 vítimas fatais e refugiados até hoje morrendo de fome.

Quais foram as contradições que deram fim aos impérios?

Alto custo de manutenção de exércitos e dispendiosas edificações fortificadas para defesa a exemplo das muralhas do imperador romano Adriano e a grande muralha da China que levou mais de mil anos sendo construídas; revoltas de povos conquistados em face de escravização, espoliação e atrocidades.

Além disso, as oligarquias formadas no interior dos impérios entravam em lutas por domínios; altas de impostos e corrupção. Na atualidade, é até difícil calcular o custo de manutenção permanente dos efetivos humanos e dos equipamentos de guerra das grandes potências. Enquanto os serviços públicos gratuitos são negados às populações. Este é um mal de origem dos conflitos e o mal-estar de todos os países do mundo.

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A globalização, ao invés da homogeneização e universalização das culturas, acabou gerando discórdias e radicalismo no seio das sociedades. Nos países em via de desenvolvimento desconstruiu as estratégias estabelecidas a partir de interação estado-empresa. Em todo o Ocidente houve um desequilíbrio de distribuição de riquezas acumulando nas mãos de poucos e degradando multidões para linha da pobreza.

Perda do poder aquisitivo, instabilidade no trabalho, desemprego e empobrecimento causados pelo neoliberalismo e globalização são falsamente atribuídos à democracia, o que redundou em eleição de presidentes estremados como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O Ocidente está em crise, mas ao invés de reconhecer o descaminho socioeconômico, insulta a China e a Rússia como faz Joe Biden, desde que assumiu o poder. Ele é responsável pela guerra fria que agora se reinicia.

Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS.

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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida