8 de Março

Como crianças vivenciam o machismo e como ele limita oportunidades? Confira no Radinho BdF

Em roda de conversa, crianças falam sobre estereótipos de gênero e sobre alternativas para garantir direitos às mulheres

Ouça o áudio:

Desconstruir estereótipos de gênero na infância ajuda meninas a crescerem com mais segurança e oportunidades - Divulgação/ Plan International
Precisamos de uma grande mudança na educação e do compromisso de todos

Para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, celebrado ontem (8), o Radinho BdF apresenta um programa especial para discutir com as crianças como o machismo e os estereótipos de gênero estão presentes em nossas vidas desde a infância e como eles podem limitar escolhas e experiências. Para além disso, a criançada discute alternativas para desconstruir o machismo e garantir direitos das meninas e mulheres.

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“Machismo é a ideia errada que os homens são melhoras que as mulheres. Também é generalizar o que é coisa de menino e coisa de menina”, diz João, que tem 8 anos e mora em São Paulo. “Na minha casa meu pai e minha mãe dividem as tarefas de forma igual. Eu também ajudo, lavando as louças de plástico”.

A inovação do episódio fica no formato: no bate papo da edição de hoje (9) do Radinho reuniu meninos e meninas de diferentes regiões do Brasil em uma sala virtual de reuniões, apenas para mediar uma conversa franca, sincera e em tempo real sobre os desafios e as responsabilidades dos pequenos para ajudar a construir um futuro mais igualitário para homens e mulheres.

“Eu faço parte de um projeto de futsal na minha cidade. No começo todo undo achou estranho, ficou falando, mas eu deixei par alá e continuei. Eu acho que meninos e meninas podem fazer as mesmas coissa”, diz Yana Silvia Barandão, que tem 11 anos e mora Pindoretama (CE).

A Maria Clara de Lima Carvalho, que tem 12 anos e mora em Triunfo (PE), também já viveu uma história parecida: eu já presenciei situações em que garotas queriam jogar bola e não puderam porque garotos disseram que seria uma brincadeira masculina. Eu achei aquilo um absurdo”, contou.

Além das brincadeiras, as crianças lembraram que até cores e brinquedos são enquadrados nos padrões de gênero. “Na antiga escola do meu irmão, ele só podia brincar com o carrinho e as meninas com as bonecas. E os meninos não podiam nem usar rosa”, pontuou Arthur, de 6 anos, que mora com em São Bernardo do Campo (SP). 


A atacante Marta, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, foi lembrada como exemplo de mulher que quebrou padrões de gênero/ Fernanda Coimbra / CBF

Papo de gente grande

Para além dos efeitos da desigualdade de gênero na infância, as crianças convidadas abrem o debate e se aprofundam sobre as causas e efeitos do machismo na sociedade em geral. “Outros exemplos que representam o machismo é algo que ocorre muito no Brasil que é a violência de gênero, a desigualdade salarial e os muitos preconceitos que as mulheres sofrem”, pontua Maria Clara.

“Muitas vezes as mulheres fazem o mesmo trabalho dos homens, mas ganham menos do que eles”, lembrou Yana. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres ganham menos de 80% do salário dos homens nas mesmas funções.

Em outro assunto abordado, as crianças lembram que 2022 é ano de eleições presidenciais e que até algumas décadas atrás as mulheres não poderiam votar, trabalhar e tomar decisões sobre a própria vida. “Eu me sentira oprimida e muito triste, É hoirrível um homem mandar na mulher e ela apenas obedecer”, diz Yana.

Pensando soluções

Debater, questionar, ler, conversar e estudar são algumas das soluções apresentadas pelas crianças para combater o machismo e garantir um futuro de liberdade e autonomia para meninas e mulheres.

“Precisamos de uma grande mudança na educação e do compromisso de todos”, disse João. “As meninas não podem crescer achando que não podem fazer o que querem por serem meninas”, conclui Maria Clara.

Sobe som

Quem põe som na caixa na Vitrolinha BdF desta edição são as crianças convidadas que pedem suas músicas favoritas para rechear a programação.

Nesta playlist mais especial que nunca estão “Triste, Louca ou Má”, de Francisco El Hombre, “Para todas as mulheres”, de Mariana Nolasco, “Madalena” de Gilberto Gil e “Respeita as Mina” de Kell Smith.


Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais. / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Camila Salmazio