Os sindicatos que compõem o coletivo da Sanepar estão se mobilizando para debater a possibilidade de apresentação de um projeto que permita a privatização da companhia de água e esgoto do Paraná. As entidades cobram compromisso público do presidente da companhia Wilson Bley Lipski. Além disso, convocam os trabalhadores para debater medidas que possam evitar o mesmo destino para a Sanepar que teve a Copel. A discussão acontece em meio a negociação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que não foi assinado por todas as entidades representativas.
De acordo com comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Saneamento do Paraná (SAEMAC), o presidente que assumiu o cargo no meio do ano, disse durante a sua reunião de apresentação “que tinha sido incumbido de várias missões pelo governo que o colocou ali, mas que uma dessas missões não era a privatização da companhia”.
Para o sindicato, por outro lado, “os trabalhadores esperam que o presidente da Sanepar, diferentemente do seu chefe, que vergonhosamente disse uma coisa antes da eleição para os copelianos e depois fez outra, honre suas palavras”. Na nota, a entidade reforça que “é preciso que o senhor Wilson Bley Lipski, se realmente respeita os trabalhadores, como diz na propaganda da empresa, venha a público esclarecer essa história para os saneparianos. Esperamos que o senhor presidente tenha coerência, decência e sinceridade. É preciso uma posição já para os saneparianos”, cobra a entidade sindical.
Os sindicatos da base da Sanepar estão convocando a categoria para uma assembleia conjunta no próximo dia 11 de dezembro. “Objetivo é aprovar proposta de estado de greve caso projeto do governo de privatização da empresa siga adiante”, mobilizam preventivamente.
Segundo o comunicado, “mesmo sem nenhuma confirmação oficial vale a sabedoria popular: onde há fumaça, há fogo e, levando-se em conta a falta de palavra de honra do governo Ratinho Junior, demonstrado, principalmente nas vendas da Copel e da Celepar, todo cuidado é pouco. Por isso, quanto antes nos organizarmos para tentar evitar qualquer iniciativa de venda da Sanepar, é melhor”, resume o presidente do Saemac, Rodrigo Picinin.
Também em nota, a Fenatema (Federação Nacional dos Trabalhadores em Água, Energia e Meio Ambiente) alerta que “é um erro fundamental acreditar que a privatização resolverá os problemas estruturais do setor de saneamento. Ao contrário, essa medida pode resultar em aumento das tarifas, redução da qualidade no atendimento e uma possível exclusão de parcelas significativas da população, especialmente das comunidades mais carentes".
ATUAÇÃO JUNTO AOS DEPUTADOS
Os sindicatos também estarão percorrendo os gabinetes dos deputados estaduais para conhecer a posição de cada um e cobrar uma postura em defesa da Sanepar.
“Sabemos que o método do governo aprovar propostas polêmicas e na base do tratoraço, sem transparência e debate, por isso, estaremos conversando com os deputados para mostrar que a privatização é um tiro no pé para a população, pois muitos países já estão reestatizando seu saneamento devido aos prejuízos que tiveram com a privatização onde só houve aumento de tarifa e precarização dos serviços. Enfim, temos que ir à luta. A Sanepar é um patrimônio histórico construído com muito esforço pelos paranaenses e cuja função é garantir saneamento de qualidade para todos e não servir para aumentar lucro de acionista em detrimento do bem estar da população”, finaliza Picinin.
OUTRO LADO
O Governo do Paraná informa que, ao contrário do que foi publicado em sites ligados a sindicatos, não trabalha para a privatização da Sanepar. A atual gestão transformou a empresa na maior companhia de saneamento pública do Brasil. Ela está dentro do maior ciclo de investimentos de sua história (previsão de R$ 11,8 bilhões até 2029) e ajudará o estado a alcançar as metas do marco legal de saneamento antes da previsão da legislação.
Além disso, foi uma das primeiras do Brasil a estabelecer parcerias público-privadas para ajudar a acelerar obras nas cidades paranaenses. A Sanepar recentemente foi eleita a melhor companhia do mundo em ações para a universalização do saneamento pelo Global Water Leaders.
