Profissionais da saúde, representantes sindicais e movimentos populares ocuparam, na manhã desta quarta-feira (18), a área em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em uma mobilização que marcou a 1ª Marcha pela Saúde Pública do DF. O ato seguiu em caminhada até o Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal (GDF), contra o que os manifestantes chamam de “colapso anunciado” da rede pública de saúde da capital.
Além da falta de servidores, a diretora do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem (Sindate-DF), Josy Jacob, alertou para a precariedade na infraestrutura das unidades de saúde no DF. “Nós estamos aqui cobrando construção de mais hospitais. Precisamos de leitos de retaguarda para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Não adianta só construir UPA, porque a UPA vai ficar lotada e não vai dar vazão para esses pacientes. Precisamos de atenção primária de qualidade. A prevenção aqui está um caos e isso está repercutindo lá nos hospitais, lá nas UPA”, afirmou a dirigente sindical.
De acordo com dados da própria Secretaria de Saúde do DF, cerca de 2,01 milhões de pessoas — 67,5% da população do Distrito Federal — dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, segundo os organizadores da marcha, o sistema está à beira de um colapso estrutural.
A gravidade da situação foi reforçada pelo deputado federal Reginaldo Veras (PV-DF), que participou da marcha e fez duras críticas ao governo Ibaneis Rocha (MDB). “Estamos diante de um colapso da saúde pública do DF, algo que já vem sendo relatado inclusive por órgãos de controle”, afirmou o parlamentar.
Veras apontou a falta de servidores como um dos principais fatores do problema. “Observamos que não há perspectiva de nomeação. O próprio governador já disse que não haveria recurso e que não iria nomear ninguém. Enquanto isso, a população está abandonada à própria sorte. O que mais me espanta é que as mortes estão aumentando, as filhas dos hospitais estão aumentando, e não vemos nenhuma reação sequer emergencial por parte do governo”, destacou o deputado.
Segundo a diretora do Sindate-DF, a ideia é organizar um calendário permanente de mobilizações pela saúde pública. O objetivo é manter a pressão por investimentos, concursos públicos e uma gestão que priorize a saúde pública no Distrito Federal. Essa é só a primeira marcha. Nós vamos fazer mais, e tenho certeza que esse movimento vai crescer com o apoio da população. O SUS nasceu com a luta do povo e só vai melhorar com a força do povo”, defendeu Jacob.
