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Vereadora, professora da rede municipal e presidente do PT em Foz do Iguaçu (PR)

Bolsonarista bom é bolsonarista preso

Dizer que bolsonarista bom é bolsonarista preso não é um grito de vingança. É a reafirmação de que quem atenta contra a democracia, deve responder por seus atos

O assassinato do meu amigo Marcelo Arruda, em julho de 2022, não foi um crime comum. Foi uma execução política. Marcelo, guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), comemorava seus 50 anos quando foi atacado por Jorge Guaranho, então policial penal e militante bolsonarista. Marcelo foi morto por ter escolhido o lado da democracia, por ter decorado sua festa com as cores do PT e a imagem do presidente Lula.

Naquele momento, o país inteiro entendeu a que ponto a violência política alimentada por Jair Bolsonaro havia chegado. E, mesmo após a condenação de Guaranho a 20 anos de prisão, vimos tentativas de transformar o assassino em vítima. Uma decisão equivocada chegou a colocá-lo em prisão domiciliar, mas a Justiça corrigiu o erro e determinou seu retorno ao regime fechado. É onde ele deve estar.

Dizer que bolsonarista bom é bolsonarista preso não é um grito de vingança. É a reafirmação de que quem atenta contra a democracia, quem escolhe a violência para impor seu projeto autoritário, deve responder por seus atos dentro da lei. É isso que protege o Estado Democrático de Direito: o devido processo legal, a ampla defesa, o contraditório, e a condenação quando os crimes são comprovados.

Foi assim com Jorge Guaranho. Foi assim com os 898 bolsonaristas já responsabilizados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. E deverá ser assim com Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos de prisão por planejar um golpe contra as instituições.

Ao contrário do que gritam os defensores do extremismo ideológico, a Justiça brasileira mostrou maturidade: investigou, processou, julgou e puniu.

Cada decisão que responsabiliza os autores de crimes políticos representa uma barreira contra a escalada golpista. Não se trata de perseguir adversários. Trata-se de aplicar a lei, independentemente de quem seja o réu, para impedir que o ódio se torne método de disputa política.

A história recente demonstra que Bolsonaro e seus seguidores nunca aceitaram o jogo democrático. Alimentaram mentiras, espalharam medo, financiaram ataques e, quando derrotados nas urnas, tentaram derrubar o resultado. Não conseguiram. Mas custaram vidas, como a do meu amigo Marcelo. Custaram destruição, como vimos em Brasília em 8 de janeiro. Custaram cicatrizes na nossa democracia que não podemos ignorar.

É por isso que soa absurda a defesa da anistia aos criminosos do 8 de janeiro, feita agora por parlamentares bolsonaristas. Conceder anistia seria rasgar a Constituição e sinalizar que o crime compensa. Seria repetir os erros do passado, quando torturadores e golpistas escaparam impunes e deixaram marcas que ainda sangram.

Não existe democracia sem Justiça. E não há Justiça quando quem mata, atenta contra a Constituição ou planeja golpes contra o povo brasileiro pode andar livremente, como se nada tivesse feito. Por isso, reafirmo: bolsonarista bom é bolsonarista preso. Não por ódio, mas por compromisso com a vida, com a liberdade e com a democracia.

Marcelo Arruda não está mais entre nós. Mas a memória dele nos lembra todos os dias de que resistir é preciso. Sua morte não será em vão. Marcelo Arruda, presente!

*Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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