América Latina

Panamá vai às urnas neste domingo para escolher novo presidente

Candidato de direita que lidera as pesquisas teve candidatura confirmada pela Suprema Corte na sexta-feira (3)

Brasi de Fato | São Paulo (SP) |
Opositor de direita José Raul Mulino lidera as pesquisas e teve sua candidatura confirmada pela Justiça na véspera - MARVIN RECINOS / AFP

Neste domingo (5), cerca de três milhões de eleitores do Panamá decidirão quem ocupará a presidência do país, com mandato previsto até 2029. Oito nomes disputam a cadeira presidencial, sendo que duas candidatas são mulheres.

Na sexta-feira (3), a Suprema Corte do Panamá decidiu pela manutenção da candidatura do opositor de direita José Raúl Mulino, que havia sido questionada pelo Tribunal Eleitoral. Advogado de 59 anos, Mulino lidera a corrida eleitoral com 37,6% das intenções de voto, segundo o levantamento da empresa Mercadeo Planificado publicada na quinta-feira (2), último dia de campanha eleitoral no país.

A pesquisa entrevistou 2.400 pessoas entre 27 de abril e 1º de maio, tem 95% de confiança e 2% de margem de erro.

Mulino substituiu de última hora a candidatura do ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), governo que integrou como ministro da Segurança. Condenado a mais de 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro, o ex-presidente teve sua candidatura impugnada e hoje está sob asilo político na embaixada da Nicarágua.

Com discurso anti-imigração, o candidato que lidera as pesquisas promete fechar Darién, trecho de floresta que liga a Colômbia ao Panamá, utilizado como via de imigração da América do Sul para a América do Norte. Ele também promete criar uma Assembleia Constituinte para mudar a Constituição do país, medida que possibilitaria a destituição do Congresso e da Suprema Corte do país.

Em segundo lugar está o ex-presidente social-democrata Martín Torrijos (2004-2009) de 60 anos com 16,4% das intenções de voto. Formado em economia e ciências políticas nos Estados Unidos, ele é filho do ex-ditador Omar Torrijos.

Em terceiro e quarto lugar aparecem os advogados de centro-direita Rómulo Roux (14,9%) e Ricardo Lombana (12,7%).  Ex-chanceler, Rómulo Roux tem o discurso eleitoral marcado pela política anti-imigração e afirmou que não permitirá a saída do ex-presidente Ricardo Martinelli do país. Cônsul por três anos, que também atuou como chefe de informação do jornal La Prensa de Panamá, Lombana pautou sua campanha na luta contra a corrupção. 

As mulheres que disputam a presidência são a advogada Zulay Rodríguez, de 54 anos e Maribel Gordon, de 62 anos, que compete de maneira independente e apresenta a única candidatura de esquerda da disputa eleitoral, com um programa apoiado pelos movimentos populares do Panamá. Ambas aparecem com menos de 5% das intenções de voto.

A presidência de Laurentino Cortizo chega ao final com a queda de crescimento da economia de 7,3% em 2023 para 2,5% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Sua presidência foi marcada por uma forte mobilização popular que resultou em uma paralisação nacional em julho de 2022. Os protestos resultaram em uma Mesa de Diálogo, debate televisionado com garantia de tempo de participação dos movimentos populares, com o objetivo de discutir as principais reivindicações: o combate ao desemprego, alta no preço dos alimentos e dos medicamentos e reformas à lei que regula pensões e aposentadorias.

A população do Panamá também foi às ruas protestar no ano passado contra a concessão de 20 anos de exploração da mina Cobre Panamá pela mineradora canadense Firts Quantum. A Suprema Corte de Justiça declarou inconstitucional a concessão estatal para a exploração do minério, medida acatada por Cortizo diante dos intensos protestos.

*Com RFI, AFP e RTP

Edição: Leandro Melito