Time enfrentou o Resende com uma bandeira do Flamengo no uniforme em solidariedade às vítimas da tragédia do dia 8
Você pode não saber, mas o Club de Regatas Vasco da Gama não é conhecido apenas pelos seus títulos e glórias. O Gigante da Colina também foi um dos pioneiros na luta pela igualdade racial no esporte. É uma história linda que terei muito prazer em contá-la aqui numa outra oportunidade. O nosso assunto aqui é outro, mas ligado a esse histórico de lutas do Vasco.
Na vitória por 3 a 0 em cima do Resende (resultado que colocou o time de Alberto Valentim na final da Taça Guanabara), os jogadores entraram em campo vestido um uniforme que trazia homenagens às vítimas das fortes chuvas no Rio de Janeiro e também uma bandeira do Flamengo em lembrança às vítimas da tragédia no Ninho do Urubu no fatídico dia 8 de fevereiro. A atitude e demonstração de solidariedade foi celebrada por muitos torcedores que se manifestaram nas redes sociais durante a partida do dia 13 de fevereiro e por boa parte da imprensa. No entanto, os conselheiros do clube não gostaram nem um pouco da ideia. Falam em desrespeito ao estatuto e até em impeachment do presidente Alexandre Campello.
Talvez eu esteja ficando velho, mas coisas desse tipo me irritam profundamente. Falamos tanto sobre violência, sobre rivalidade, brigas e ódio nesses últimos meses. E quando um clube resolve levantar a bandeira do rival num gesto de solidariedade e grandiosidade, me aparece gente reclamando e condenando um dos gestos maus bonitos dos últimos tempos. Impressionante.
Antes que você me xingue, eu gostaria de deixar bem claro que, do mesmo jeito que não podemos resumir o Vasco às papagaiadas de A, B ou C, não podemos repetir o erro com o Flamengo. Os responsáveis pela tragédia devem ser punidos. Sejam eles quem forem. Esse tipo de pensamento me soa mesquinho e raso demais para certas pessoas que se colocam como arautos da moralidade.
Gestos como o do Vasco deveriam servir de exemplo. Um clube conhecido pela sua luta pela igualdade social não poderia ter feito diferente. Mesmo que gente de dentro da instituição pense que se trata de demagogia. Será que estes conhecem a história do clube que dizem amar? Será que eles têm noção da grandiosidade desse gesto? E será que essas mesmas pessoas sabem que existem várias outras pessoas que esperaram uma vida inteira esperando por um ato desse tipo? Pessoas que estão cansadas de ver outras pessoas brigando por causa de futebol?
Enquanto esses brigam entre si, eu prefiro ficar do lado da paz e do entendimento. E ontem, o Vasco realmente mostrou que não é chamado de Gigante da Colina à toa.
Grande abraço e até a próxima.
Edição: Brasil de Fato (RJ)