Ao reaproveitar alimentos, incorporamos nutrientes, cultura, sabor e diversidade
Como você come uma banana? Normalmente, descascamos a fruta, jogamos parte amarela fora e comemos apenas o que há dentro. Mas, sabia que a casca também pode ser reaproveitada?
É em casos como esse que percebemos a importância do aproveitamento integral dos alimentos. A ideia é comer de uma maneira mais saudável, reduzindo desperdícios e gastando menos.
Raúl Osvaldo Benítez, representante regional da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), afirma que cerca de 1.300 bilhões de toneladas de alimentos produzidos por ano são desperdiçados. Ainda de acordo com a FAO, apenas 25% de tudo o que é jogado fora já seria suficiente para erradicar a fome no mundo.
Para reduzir o desperdício, a maneira mais indicada é praticar o Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA). Além de reduzir a fome, essa prática também diminui a quantidade de lixo que se acumula nos aterros, e pode trazer inúmeros benefícios ao nosso corpo.
A nutricionista Fernanda Rodrigues destaca que existem muitas vantagens nutricionais em reaproveitar os talos e cascas, por exemplo.
“Quando pensamos numa planta, lembramos que ela tem semente, folhas, flores e tudo isso pode e deve ser reaproveitado. Cada parte dessa planta tem concentrações variáveis de nutrientes, então quando, por exemplo, consumimos uma couve-flor e comemos apenas a parte branca, florida e mais macia dela, desprezamos o caule e as folhas verdes, que compõem diferentes elementos nutricionais, além de sabores e texturas diferentes, que podem ser reaproveitadas em diversas outras receitas”, comenta.
Outro bom motivo para aproveitar os alimentos de forma integral é suprir, sem precisar de complementos, todas as vitaminas e nutrientes que o nosso corpo precisa.
“Até muitas vezes de forma incorreta, as pessoas buscam por conta própria suplementar com polivitamínicos, desses que compramos em farmácia. E por muitas vezes não tem esse conhecimento, que tudo o que a gente precisa está na natureza, tanto para nos alimentar quanto para nos nutrir”, explica a nutricionista.
Além disso, Fernanda destaca que o consumo das partes que geralmente são descartadas é um hábito que pode ser adquirido logo no início da vida:
“As cascas de frutas são fontes de vitaminas e minerais, assim como as frutas, e o consumo pode ser incentivado desde a infância. Então, quando for apresentar a fruta para as crianças, pode já oferecer a própria fruta com a casca, para que ela já adquira esse hábito desde cedo”.
Qualquer pessoa pode aproveitar os alimentos. A única restrição é para quem tem problemas intestinais, que devem entrar em contato com um nutricionista para regular o consumo de determinados nutrientes.
São muitas vantagens para o nosso corpo, para a saúde e para nossa própria educação alimentar. De acordo com Fernanda, o AIA traz benéfico em todas as áreas: “quando reaproveitamos todos esses alimentos, estamos incorporando mais nutrientes, mais sabores à nossa comida e valorizando a nossa cultura, assim como a nossa diversidade alimentar”
Edição: Michele Carvalho
