saúde mental

Na pandemia, Programa Bem Viver debate luto em casos de morte evitável

Para pastor Brian Kibuuka, a melhor ajuda é estar presente, não apenas por palavras, mas por atitudes

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O luto tem diferentes formas de expressão em culturas distintas - assim como pessoas lidam de formas diferentes com uma perda - Pixabay
Temos que clamar por justiça para que pessoas não morram de Covid-19 sem serem intubadas

Na semana em que o país atinge o triste patamar de 440 mil vidas perdidas para a Covid-19, o Programa Bem Viver debate os desafios de viver o luto em situações nas quais as mortes foram resultado de negligência. Em geral esses processos tendem a ser mais difíceis pois são permeados por sentimentos de injustiça, de acordo com o pastor batista Brian Kibuuka, entrevistado na edição de hoje (21).

“A morte perpassa todos nós, é inevitável. No entanto, quando a morte passa por negligencia, perseguição, ódio ou indiferença é muito mais difícil de aceitar, porque é como se tirassem de nós a possibilidade de lutar pela vida e isso dói”, diz o pastor. “Na narrativa bíblica o sangue das pessoas que morrem de mortes evitáveis está pedindo justiça. Temos que clamar por justiça e por reparação, para que as nossas crianças não morram de bala perdida e adultos não morram de Covid-19 sem condições de serem intubados.”

Para o religioso, a melhor forma de ajudar alguém a superar o luto de uma morte evitável é estar presente, não apenas por palavras, mas por atitudes. “As palavras não traduzem a dor. Então é possível levar uma comida a pessoa em luto, ver como ela está, não esquecê-la com o passar dos dias, ouvi-la e saber como a pessoa pagará as contas e ajudar se possível e necessário. É preciso ajudar a resignificar a trajetória pela esperança e pela força”.

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Violência contra indígenas

Indígenas Yanomami de Roraima enfrentam ataques de garimpeiros há duas semanas. Na quarta-feira a comunidade relatou mais uma tentativa de invasão, desta vez por um grupo chegou próximo a comunidade em 12 barcos. Quando perceberam a presença dos indígenas desistiram de desembarcar.

O primeiro registro de ataque foi no último dia 10, quando um grupo de invasores armados cruzaram a comunidade de barco atirando contra os Yanomami. A comunidade revidou. Dias depois do primeiro ataque, duas crianças indígenas foram encontradas mortas na beira do rio.

A comunidade já enviou quatro ofícios ao Exército requisitando apoio. A única resposta foi um helicóptero com alguns soldados que permaneceu por poucas horas no local. A Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que mantém agentes no território fazendo a segurança permanente dos indígenas, porém lideranças Yanomani afirmam que a informação não é verdadeira.

Devido aos ataques, o Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuanna relata que indígenas da comunidade Palimiú estão há uma semana sem atendimento de saúde, porque a equipe médica que se mantém na região foi retirada devido aos casos de violência. Segundo o Conselho, os atendimentos vão retornar apenas quando forças de segurança forem enviadas a local. A região é considerada área endêmica para a malária e as crianças são as mais afetadas.

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São João Pantaneiro

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu como patrimônio cultural do Brasil o chamado Banho de São João, uma celebração típica das festas juninas do Pantanal, na qual ocorrem procissões, cortejos, novenas e giras em terreiros de candomblé e umbanda. Isso porque a festa é o resultado do encontro do culto a São João batista e ao orixá Xangô, em um exemplo de sincretismo religioso do Brasil.

A celebração ocorre nos municípios de Corumbá e Ladário, ambos no Mato Grosso do Sul, na passagem do dia 23 para 24 de junho. Nesta noite, a população se dirige às margens do Rio Paraguai para realizar, assistir e participar do ritual do banho. São preparados altares decorados, fogueiras, oferendas e levantamento de mastros.

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Edição: Sarah Fernandes