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Programa Bem Viver debate importância dos cuidados paliativos

Apesar do preconceito, tratamento é um direito que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares

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Ao todo, 191 serviços de saúde estão relacionados a cuidados paliativos. Deles, 148 são oferecidos no SUS - Michele de Mello / Brasil de Fato
Cuidados paliativos não são negligência ou eutanásia. São um direito humano

A Academia Brasileira de Cuidados Paliativos emitiu uma carta aos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 criticando o uso equivocado do termo “cuidados paliativos” durante sessões que analisaram o caso da Prevent Senior, na última semana. Segundo parlamentares, a operadora de saúde teria usado tratamentos paliativos para pacientes com o novo coronavírus quando na verdade ela não realizou os procedimentos.

O termo foi usado de forma negativa, como se fosse uma enganação ou algo que não gera resultado, usado apenas para dar uma sensação de assistência ao paciente. A fala descontextualizada pode aumentar dúvidas e acirrar preconceitos sobre os tratamentos paliativos, segundo a entrevistada da edição de hoje (5) do Programa Bem Viver, a jornalista Juliana Dantas, apresentadora do premiado podcast Finitude, que debate questões relacionadas à morte e luto.

“Cuidados paliativos não são negligência, eutanásia, nem são só para pacientes terminais. Eles são um direito humano e significam conforto, acolhimento e dignidade”, disse. “Trata-se de uma abordagem multidisciplinar que deve ser adotada no momento do diagnóstico de uma doença que ameace a vida. A doença tem que ser terminal? Não necessariamente? Tem que ser crônica? Não necessariamente”.

Os chamados cuidados paliativos são práticas reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entendidas como cuidado multidisciplinar que tem objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida. O foco é sempre o alívio do sofrimento humano.

“Esse tema ainda é um tabu. Falar de cuidados paliativos parece um palavrão, mas na verdade é um privilégio de cuidado e conforto”, pontua Juliana. “Eles olham para o ser humano como um todo, como um ser biográfico, que tem preferências, histórico de vida e limites de dignidade totalmente individuais. Isso implica em uma horizontalização da equipe de saúde, que tem como prioridade o paciente e a família.”

Ao todo, 191 tipo de serviços de saúde estão relacionados a cuidados paliativos, como assistência psicológica, fonoaudiológica, nutricional e até espiritual, se o paciente desejar. Deles, 148 são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Raízes do Bolsonarismo

O que é o bolsonarismo e como ele surgiu? Para cientistas políticos, o discurso inconstitucional do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defende por exemplo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, não é algo inédito. Pelo contrário, trata-se de algo fundado há muito tempo, com raízes na História do Brasil, no processo de formação da população, na exclusão social e nos sucessivos golpes contra o Estado brasileiro.

A equipe de reportagem do Brasil de Fato conversou com pesquisadores do Instituto Federal da Bahia que conduziram uma pesquisa com o tema “Bolsonarismo e o Brasil profundo: uma análise sobre a ascensão e a permanência de um fenômeno sociocultural e político.” O primeiro artigo foi publicado em julho deste ano e em breve será lançado um novo documento, em inglês, para uma revista internacional.

Os pesquisadores defendem que uma parcela considerável da população do país, chamada por eles de “Brasil profundo”, compactuam com os princípios antidemocráticos e truculentos do presidente e não devem abandonar os ideais com a saída de Bolsonaro do poder.

Até a ascensão do bolsonarismo esse grupo era invisível para a ciência política, mas ele engloba entre 10% e 20% da população. Por isso, os estudiosos são receosos em dar uma previsão de quando esse pensamento político deve perder força.

Representatividade nos quadrinhos

Em 2018, como uma resposta a onda de truculência que tomou conta do país com as eleições presidenciais, a ilustradora Luiza de Souza, mais conhecida como Ilustralu, deu uma resposta à altura: criou o personagem Arlindo, um adolescente gay que vive em uma cidade no interior do Rio Grande do Norte, e passou a divulgar suas aventuras pelas redes sociais.

Por meses, Arlindo foi um símbolo de esperança e força para milhares de pessoas na internet. Semanalmente, a ilustradora publicava dois quadrinhos de Arlindo, em diferentes situações. A força do personagem foi tão grande que as histórias acabaram reunidas em um livro de quadrinhos, com diferentes tirinhas do personagem.

A obra acabou inspirando outras criações e mais autores se motivaram a produzir histórias em quadrinhos fora dos padrões tradicionais, criando novos personagens com foco na diversidade de gênero e sexualidade.


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Edição: Sarah Fernandes