direito à cidade

Programa Bem Viver: De forma sensível e crítica, livro narra cotidiano nos trens de São Paulo

Escritora Jéssica Moreira retrata o que sentem, sonham e vivem os que estão nas margens dos centros urbanos

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"Vão, trens, marretas e outras histórias” é um livro de crônicas sobre os desafios dos trabalhadores periféricos das grandes cidades - Luankphoto
O não direito pleno a mobilidade ocorre por um não direito à cidade

A edição de hoje (18) do Programa Bem Viver traz uma entrevista sensível e crítica com a escritora Jéssica Moreira, autora do recém-lançado “Vão, trens, marretas e outras histórias”, um livro de crônicas sobre os desafios dos trabalhadores e estudantes periféricos das grandes cidades. Nos textos, ela retrata o que sentem, sonham e vivem aqueles que estão nas margens, construindo diariamente a riqueza dos centros urbanos.

“O não direito pleno à mobilidade ocorre por um não direito à cidade. As oportunidades de trabalho estão concentradas no centros, assim como as oportunidades de cultura e lazer”, disse. “Nós precisamos viver no centro e só dormir na periferia e nossa identificação com esses territórios ficam aquém do que poderia ser. Isso gera preconceito e baixa autoestima porque você não vive nas periferias e não conhece as histórias que permeiam o seu lugar”.

Jéssica é autora de outros quatro livros. Como ela própria se define é uma “cronista de trem, poeta de janelas e jornalista de vida”. A escritora nasceu em 1991, em Perus, bairro da periferia de São Paulo, é cofundadora do coletivo de comunicação “Nós, mulheres da periferia” e é repórter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

Em seu último livro, ela escreveu sobre cenas que vive e presencia no transporte público, nos longos deslocamentos até o centro. Para além das filas, do empurra-empurra, do atraso e do preço alto, Jéssica retrata também histórias de vida e pequenos gestos cotidianos de solidariedade, identificação e empatia.

“A oralidade foi uma ferramenta de sobrevivência para nós, negros, enquanto povo. Tanto minha avó como minha mãe sempre contaram muitas histórias”, lembrou. “[A escritora] Conceição Evaristo disse uma vez que não cresceu rodeadas de livros, mas de palavras. Eu também. Não havia muitos livros na minha casa, mas havia muitas histórias, contadas no detalhe narrativo.”

Quem se interessou pelo livro pode encontrá-lo no site Editora Patuá.

Camarão sim!

Nos últimos dias, circulam nas redes sociais críticas de grupos conservadores ao ator e diretor do longa “Marighella”, Wagner Moura, por comer acarajé com camarão.

Ele participava de uma ação de distribuição de alimentos do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTST) quando foi fotografado comendo uma das marmitas com acarajé, que tradicionalmente acompanha camarão. A partir daí, começaram críticas dando a entender que camarão é comida de rico e que pessoas em situação de vulnerabilidade não precisam ter acesso.

Para responder a suposta polêmica, o MTST prepara um marmitaço especial no domingo (21) com camarão como principal ingrediente. Para isso, o movimento contou com apoio de doações de celebridades ligadas à causa.

Websérie preta

No Pará, o Coletivo Negritar Produções toma à frente da produção de websérie "Pretas". Os conteúdos audiovisuais, feitos especialmente para internet, serão lançados no próximo sábado (20), Dia da Consciência Negra.

A produção é feita exclusivamente por mulheres pretas e retrata a vida das participantes do projeto. O foco é revelar como tem sido o período de pandemia na perspectiva de mulheres pretas, a maioria dos que perderam o emprego e precisaram se desdobrar para cuidar sozinhas das famílias.

Pagu

A história de Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu, personalidade referência no protagonismo da mulher na arte e na política, foi reunida em um especial multimidiático. São textos, entrevistas e até um curta para contar mais da artista militante. A protagonista dessa produção é a atriz Ana Gusmão, que interpreta Pagu.

Para conhecer o projeto é só acessar o site do projeto caligariproduçoes.com.br/pagu.

Pra quem não conhece, Pagu foi uma artista símbolo do movimento modernista. Participou da Semana de Arte Moderna e foi inspiração para muitos trabalhos. Desde os 15 anos escrevia textos publicados em jornais da época.

Mas o maior destaque de Pagu foi a participação na militância de esquerda. Ela atuou no Partido Comunista Brasileiro por anos e por isso foi presa 20 vezes. Ela morreu aos 42 anos, em 1962, vítima de um câncer.


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Edição: Sarah Fernandes