IMPACTOS

Comunidades da América Latina debatem sobre os efeitos dos projetos de instituições financeiras

Prévia do programa de governo de Lula e Alckmin propõe 90 diretrizes para a "reconstrução do Brasil"

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Comunidades exigem a imediata suspensão da licença de Belo Monte - Xingu Vivo para Sempre/Reprodução

A cidade de São José dos Campos recebe, nesta semana, o primeiro encontro de comunidades impactadas por projetos de instituições internacionais.

O evento é promovido pela rede de comunidades impactadas por IFIS, movimento latino-americano construído por moradores que sofrem as violações de projetos de instituições financeiras internacionais, e o sistema de alerta prévio, iniciativa global que visa garantir informações sobre projetos financiados por bancos de desenvolvimento e instituições financeiras que possam causar prejuízos humanos e ambientais à população.

Alexandre Andrade Sampaio, coordenador do projeto de responsabilidade internacional para América latina e caribe, uma das entidades responsáveis pelo sistema de alerta prévio, destaca que o encontro tem como proposta a troca de experiências e informações entre os moradores de tais comunidades.

O encontro contará com a presença de representantes de comunidades latino-americanas impactadas por projetos de instituições financeiras, como moradores afetados pela represa Hidroituango, na Colômbia, pessoas prejudicadas pela represa Alto Maipo, do Chile, e por linhas de transmissão elétrica, na Guatemala.

Grupos atingidos por projetos construídos no Brasil também estarão presentes no encontro, como as comunidades tradicionais impactadas por remoção forçada em Teresina, quilombolas afetados pela construção de parques eólicos na serra do Araripe e coletivos impactados pela hidrelétrica de belo monte.

Os moradores de São José dos Campos, cidade que abriga o evento, estarão presentes para denunciar os efeitos da reestruturação urbana ocorrida no município por meio de dois principais projetos.

Um deles é o “programa habitar Brasil BID”, que contou com verbas do banco interamericano de desenvolvimento para reurbanização de favelas.

Com a promessa de melhores condições de vida, 420 famílias das comunidades Nova Tatetuba, Detroit e Caparaó foram removidas de suas casas para o Jardim São José II, onde se depararam com situações ainda mais precárias.

Cosme Victor, da diretoria da Rede de Comunidades Impactadas por IFIS, chama a atenção para os impactos nos direitos humanos e ambientais causados pelos projetos na vida das comunidades, como a falta de saneamento básico, aumento da violência e dificuldade de acesso à zona central da cidade, o contrário daquilo que havia sido prometido à população.

O Primeiro Encontro Internacional da rede de comunidades impactadas por IFIS e do sistema de alerta prévio da América Latina acontece em São José dos Campos, São Paulo, até a próxima sexta-feira, dia 10 de junho.

 

Edição: Rede Brasil Atual