DESGASTE

Para atenuar assassinato de petista por seu apoiador, Bolsonaro fala sobre ‘facada’

Justiça decreta prisão preventiva do policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, assassino do tesoureiro do PT

Ouça o áudio:

Bolsonaro tenta se desvencilhar dos efeitos da violência acentuada pela sua postura, discurso e ações - REPRODUÇÃO

O presidente Jair Bolsonaro tentou hoje (11) atenuar o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Aloizio Arruda pelo carcereiro bolsonarista Jorge da Rocha Guaranho, na madrugada desse domingo (10). Preocupado com o desgaste que o crime cometido por seu apoiador já causa à sua campanha à reeleição, Bolsonaro tentou desviar o foco.

Aos seus apoiadores, à saída do Palácio do Planalto, teve a pretensão de comparar dois episódios incomparáveis: a invasão de um homem armado a uma festa de aniversário, sem ser convidado, que disparou sobre o aniversariante e o matou. E o episódio da facada em Juiz de Fora, até hoje pouco esclarecido.

“Vocês viram o que aconteceu ontem, uma briga de duas pessoas, lá em Foz do Iguaçu? [Disseram] “Bolsonarista”, não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao Psol, né?”, disse o presidente aos apoiadores.

A jornalistas, Bolsonaro disse hoje que não tem “nada” a ver com o episódio em Foz do Iguaçu. E ser contra qualquer ato de violência. “Querem me criminalizar o tempo todo. É o tempo todo tentando bater na mesma tecla, como se eu fosse eu responsável por ódio no Brasil. Pelo amor de Deus. Só falta daqui a pouco ter briga de torcida e quererem me culpar também dado ao time que eu torço”, disse.

Bolsonaro tenta se desvencilhar de assassino bolsonarista

Bolsonaro chegou a negar que seus atos e discursos incentivem a violência, como a fala sobre “fuzilar a petralhada”. Para ele, é “sentido figurado”.

No domingo, ele escreveu em suas redes sociais que “dispensa apoio de quem pratica violência contra opositores”. Também disse que a “esquerda acumula um histórico inegável de episódios violentos” e pediu a investigação do caso.

A “operação-abafa” promovida pelo governo em torno do assassinato do guarda municipal petista pelo bolsonarista, para evitar mais arranhões à campanha, beira ao absurdo. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) chegou a comparar o crime a uma “briga de trânsito”.

Algo como a pessoa brigar e voltar armada para consumar o ato. Ao jornalista Tales Farias, do Uol, Barros disse que “tipo de violência ocorre quando uma discussão provoca, como reação, a pessoa ir buscar a arma para depois agir”.

Para Barros, a certeza é que, independentemente das declarações públicas de Bolsonaro anteriores ao assassinato, o presidente não pode ser responsabilizado pelo gesto de violência do bolsonarista: “É claro que ele nada tem com isso.”

Bolsonaristas de bem

No entanto, poucos dias antes do assassinato do petista Marcelo Aloizio Arruda, o carcereiro bolsonarista Jorge da Rocha Guaranho havia reproduzido em suas redes sociais mensagem contra o PT e petistas.

“O PT defende criminosos, negocia com criminosos e age como organização criminosa. Não podemos permitir que bandidos travestidos de políticos retornem ao poder no Brasil. A responsabilidade é de cada um de nós. É o nosso futuro e o das próximas gerações que está em jogo”, postou o policial penal federal que se define como conservador, cristão, contrário às drogas, ao aborto, defensor das armas como defesa e apoiador da reeleição de Bolsonaro.

Confira as principais notícias desta segunda (11/07), no áudio acima.

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