Precisamos conscientizar a população de que vender o voto, negociar o voto é prejuízo para a gente
Diante do processo das Eleições 2022, a Articulação Semiárido (ASA) segue com a campanha Não troque seu voto. A iniciativa defende a escolha consciente de candidaturas na região semiárida do país, que defenda a alimentação saudável e o acesso à água.
“[A campanha] funciona na nossa rede, sendo em torno de três mil organizações da sociedade civil espalhadas por todo o semiárido brasileiro. Temos uma rede de comunicadores populares que estão atuando nessa campanha e foi produzida uma série de materiais para pra fazer a conscientização, levar informação, fazer o diálogo com a sociedade", explica Cícero Félix, coordenador da ASA pela Bahia.
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A estratégia de atuação da campanha foi pensada para aproveitar a capilaridade da ASA nos nove estados do Nordeste e na região norte de Minas Gerais.
"Esse material [da campanha] está a disposição das nossas redes [da ASA Brasil] e nas redes da ASA [pelos estados]. Também foram feitos spots, pequenos programas de rádios, e uma série de de formas e-mails chegarmos o mais longe possível com essa campanha. Organizações de base estão atuando junto às comunidades e junto às populações dos campos e das cidades também", reforça Cícero.
De acordo com a ASA, a água ainda é uma moeda de troca da política no Semiárido, região que busca uma superação da chamada Indústria da Seca, o que significa um histórico de elites que se aproveitam das estiagens como estratégia para se manter no poder. Essa prática secular ganha novas estratégias no contexto atual, com um milhão de pessoas que ainda não tem acesso à água potável para consumo no Semiárido. O cenário também se agrava diante do aumento da fome, que atinge mais de 33 milhões de pessoas no pais, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).
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“Esse sistema [da Indústria da Seca] acha que o voto é moeda de troca. A gente opta e discute outra maneira que é através da nossa auto-organização, da gente saber qual o projeto político que defendemos. Então, estar nestes espaços, multiplicando e fazendo com que essa discussão de não trocar o voto por um caminhão-pipa, uma conta de luz paga ou um botijão e passar os próximos quatro anos sofrendo. Porque é através da lei que a gente muda as nossas vidas, nas comunidades, nos assentamentos”, afirma Neneide Lima, da Rede Xique-Xique de Comercialização e Economia Solidária do Rio Grande do Norte.
Continuidade
A campanha pelo voto consciente foi realizada pela primeira vez em 2012 e hoje, 20 anos depois, a articulação pauta questões sobre a democracia e a importância do voto. A campanha também busca conscientizar sobre a necessidade da manutenção de conquistas sociais e de ampliação da representatividade nos espaços políticos. Assim há destaque para a se eleger mulheres, negros e negras e pessoas LGBTQIA+ e tantos outros setores da população.
“Sabemos que a compra de votos no semiárido brasileiro existe. Precisamos conscientizar a nossa população de que vender o voto, negociar o voto é prejuízo para a gente. Porque quando você vota sem negociar e vender seu voto, você tem autonomia e poder de ir lá [no gabinete] e cobrar daquelas pessoas eleitas pela população, de que ela exerça seu papel. Isso a gente precisa cada vez mais exercitar para que a gente tenha de fato políticas públicas que cheguem para as pessoas”, afirma a agricultora Roselita Vitor, nascida e criada no Semiárido brasileiro, e moradora da cidade paraibana de Remígio.
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Edição: Daniel Lamir