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PREAMAR: Coletivos e artistas criam espaço próprio para divulgar artes visuais maranhaneses

Produções são diversas e em diferentes linguagens, como fotografias, cerâmicas artesanais, quadros e audiovisual

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O projeto PREAMAR, criado em 2022, busca dar foco à produção das artes visuais no Maranhão - Mariana Castro

O projeto PREAMAR foi criado em abril de 2022 a partir de uma articulação em rede de diversos artistas e coletivos, que buscam dar foco à produção de artes visuais no Maranhão. A parceria foi idealizada coletivamente pela Lima Galeria, o Chão SLZ e a Casa do Sereio, espaço de residências em Alcântara, com o apoio da Universidade Federal do Maranhão e já se destaca no cenário nacional com a participação no Rotas Brasileiras, tradicional feira de linguagens artísticas.

"O nome PREAMAR surge de uma relação que nós procuramos estabelecer com a variação de maré em São Luís, algo tão característico da ilha, em que a cada seis horas a maré sobe e desce, num fluxo contínuo e de muita força. É nessa continuidade, nessa força, que nós procuramos estabelecer um elo com a produção artística contemporânea do estado", explica o curador Frederico Silva.

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As produções são diversas e em diferentes linguagens, como fotografias, cerâmicas artesanais, quadros e audiovisual. Em todos, se destacam os modos de vida das comunidades tradicionais maranhenses, como os quilombolas, indígenas e quebradeiras de coco.

"As atividades acontecem de maneira muito fluida, muito espontânea, em que cada um de nós, com as suas especificidades trabalhamos desde a elaboração do projeto curadorial, da produção de textos, do projeto expográfico, assim como as residências artísticas que são desenvolvidas na Casa do Sereio", acrescenta Silva. 

Um dos principais eixos do projeto são as residências artísticas vividas na Casa do Sereio, que possibilita a vivência e troca de saberes dentro das próprias comunidades. A primeira experiência já resultou na parceria com artesãs ceramistas da comunidade quilombola de Itamatatiua, em Alcântara.

"Nessa comunidade tem artesãs que trabalham produzindo cerâmica e também produzindo objetos e visualidades próprias desse lugar. Nesse contexto nós convidamos artistas contemporâneos como Silvana Mendes, Tarcila Custódio e Marcos Ferreira para dialogarem com essas artistas e criarem uma instalação em uma de nossas exposições. Esse foi um dos auges do projeto", ressalta Iuri Logrado, curador. 

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A idealizadora e curadora do Preamar, Samantha Moreira destaca que, entre os desafios do projeto, está ainda proporcionar novas possibilidades de interação e inserção do público nas experimentações. O projeto segue em movimento constante de experiências, formação e já começa a levar as artes visuais maranhenses para além do estado.

"Como fazer com que esse público pudesse praticar novos espaços, novas trocas e novas possibilidades de convívio e processos formativos, a partir da residência que aconteceu na Casa do Sereio, a partir de práticas que os próprios artistas atuam e que a curadoria ao convidá-los para pensar os trabalhos que iriam fazer a exposição acontecer, tinham a liberdade de serem trabalhos inéditos, experimentais e apresentarem uma diversidade de possibilidades do que a gente hoje, que é pensar em fazer uma exposição e uma potência de um projeto de arte", conclui Moreira. 

Edição: Douglas Matos