Terra para alimentar

Beneficiada e saudável: macaxeira produzida na Paraíba é exemplo dos compromissos do MST

Embalada a vácuo e em forma de palitos, Movimento garante sustentabilidade em toda a produção e comercialização

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Imagem ilustrativa da macaxeira produzida em assentamento do MST no Pará
Imagem ilustrativa da macaxeira produzida em assentamento do MST no Pará - Catarina Barbosa/Brasil de Fato
É algo que traz uma riqueza nutricional e cultural

Cultivada pelos indígenas desde antes da invasão dos portugueses ao território brasileiro, a macaxeira é um alimento riquíssimo em nutrientes e se adapta em todas as regiões do país, independente do clima.

Na Paraíba, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) passou a beneficiar o tubérculo durante os períodos mais intensos da pandemia de covid-19. Na época, a partir de um financiamento do governo estadual, foram mais 30 toneladas produzidas na forma de palito e embalada a vácuo. 

"Além de agregar valor à produção, agiliza o processo de distribuição. Também não perde teor e a qualidade, porque geralmente a macaxeira leva em média de dois a três dias para perder a sua qualidade. Mas quando embalada a vácuo  ela dura em média de quatro a cinco meses. Ou seja, a gente não perde a nossa produção como acontecia anteriormente", relata José Roberto, assentado da reforma agrária na Paraíba. 

Terra para alimentar

A história da produção e beneficiamento da macaxeira pelo MST da Paraíba começa com a conquista da agroindústria localizada no município paraibano de Mari. O estabelecimento tem 22 anos e foi inaugurado após o Movimento ocupar um latifúndio improdutivo. A terra que antes abrigava o cultivo de fumo estava abandonada, apenas com algumas cabeças de gado. O MST, então, transformou a área no assentamento Zumbi dos Palmares e passou a cultivar uma diversidade de culturas, com destaque para a macaxeira.

O salto na produção se deu com o avanço das políticas públicas institucionais. Hoje, o principal destino da macaxeira produzida no assentamento são as escolas, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A partir dos compromissos do Movimento, todo o processo de produção, beneficiamento e comercialização segue compromissos pela sustentabilidade ambiental, social e econômica.  


A macaxeira produzida pelo MST da Paraíba foi comercializada durante a Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo / Camila Mattos

Feira Nacional

A macaxeira a vácuo e em forma de palito foram comercializadas na IV Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorreu em maio, no centro de São Paulo. Da Paraíba, os acampados e assentados transportaram oito toneladas de alimentos sem veneno, produzidos do litoral ao sertão do estado.   
 
“A gente mora no Nordeste e se diz que o nordestino não sabe produzir e beneficiar. A partir do momento que a gente traz a nossa produção e mostra a qualidade e a quantidade vamos desmistificando essa história de que não conseguimos produzir alimentos", ressalta a agricultora familiar Adilma Fernandes, que fez parte da delegação paraibana durante a Feira. 

Também no grupo, José Roberto valoriza a importância cultural e nutricional do tubérculo.

"A macaxeira é um alimento indispensável hoje, principalmente na região Nordeste. Além de saciar a fome do povo, também é algo que traz uma riqueza nutricional e cultural", afirma. 

Edição: Daniel Lamir