ASTROLOGIA

Será que a posição dos astros no céu influencia quem somos?

Associar comportamento humano ao movimento dos astros é uma prática que tem mais de 5 mil anos

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A humanidade sempre olhou para os astros e buscou conhecê-los - Canva
Defensores alegam existência de uma energia desconhecida

Sabe quem supera com folga o número de evangélicos e de flamenguistas no Brasil? O das pessoas que acreditam em astrologia. Segundo estimativas, cerca de 42% dos brasileiros se encaixam nesse grupo. Será que elas creem em algo que faz sentido hoje do ponto de vista científico?

A astrologia é um sistema de crenças bem antigo. Estima-se que exista há pelo menos 5 mil anos e que tenha surgido em diferentes civilizações. Baseia-se na ideia de que a posição de certos astros no céu é capaz de influenciar eventos da vida cotidiana em nosso planeta.

A humanidade sempre olhou para os astros e buscou conhecê-los. Isso nos foi útil, como na navegação e na contagem do tempo. Em algum momento, passamos a relacionar a forma como o céu estava com quando determinado evento se deu, por exemplo, uma praga devastou a lavoura e Marte se alinhava com a constelação de Áries. Será que não deveríamos nos preocupar quando esse alinhamento voltasse a ocorrer?

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Daí foi um pulo para que se fizesse a relação entre a posição dos astros na hora do nascimento de uma pessoa, as características e a vida dela. Surgia assim todo um sistema de signos do zodíaco, mapas astrais e horóscopos.

Com o desenvolvimento da ciência moderna, os cientistas passaram a se perguntar se a astrologia fazia sentido a partir dos novos conhecimentos adiquiridos sobre o cosmos. A Terra deixou de ser o centro do universo e muita coisa mudou.

O que aprendemos nos últimos séculos sobre genética, psicologia, sociologia e educação nos mostra que a formação da personalidade de alguém é um processo complexo. Somos como somos pela síntese dos genes que herdamos com toda a nossa história de vida, pressões ambientais e sociais que a influenciam. Não faz sentido mais crer que a posição de corpos celestes no momento do parto exerça uma força maior do que todo o resto na determinação de nossa personalidade.

Nas aulas de física da escola, aprendemos sobre a lei da gravitação universal de Newton. Com cálculos simples, vemos que a força que a lua, os planetas do sistema solar e outras estrelas exercem sobre nós aqui na Terra é praticamente nula. Matematicamente, sabemos que a força gravitacional que o corpo do médico exerce sobre o do bebê no momento do parto é maior do que a de qualquer coisa que vemos no céu.

Defensores da astrologia argumentam que ela não se baseia na gravidade, e sim em alguma energia desconhecida até hoje pela ciência. Complicado, né? Mas vamos assumir que isso é possível e continuar essa prosa em nosso próximo encontro.

Um abraço e até a próxima!

Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de ensino de Minas Gerais.

Edição: Wallace Oliveira