Nossa América Latina vive um momento duro, e as eleições do México, no dia 1 de julho, têm peso decisivo sobre os rumos do continente. Afinal, em países como Honduras (2009), Paraguai (2012) e Brasil (2016) golpes de Estado conduzidos pela via parlamentar e judicial derrubaram presidentes voltados a políticas de desenvolvimento.
No Paraguai, por exemplo, não havia saúde pública antes do governo de Fernando Lugo. Já na Venezuela, Equador, Peru, El Salvador e Argentina, a oposição ganhou força, incentivada pelas elites de poder desses respectivos países, que buscam uma agenda de menor investimento do Estado na economia.
Porém, o México agora segue o caminho inverso dessa tendência, porque o candidato de esquerda, Andrés Manuel López Obrador, do Movimento Regeneração Nacional (Morena), candidato pela terceira vez, tem chances reais de vitória. Ele está 20 pontos à frente dos outros concorrentes, Ricardo Anaya Cortés (PAN) e Antonio Meade Kuribreña (PRI), partidos que governam o país desde os anos 1930.
O México é um espelho do que as elites brasileiras estão tentando fazer da gente: um país de salários baixos, de indústrias instaladas para explorar mão de obra e exportar produtos para fora; onde o Estado perde espaço para o narcotráfico; um país capacho das políticas dos EUA, onde os movimentos populares, do campo e da cidade, mulheres e jovens são criminalizados. O desemprego está na margem de 15%, semelhante ao dado no governo Temer. E o nível de miséria é alto.
O povo mexicano, agora nas urnas, quer dizer não às políticas conhecidas como neoliberais, que retiram o papel do Estado da economia, arrocham o salário do trabalhador e diminuem os serviços públicos. O Brasil, que com Temer está indo nessa mesma direção, não precisa ter que viver uma experiência tão doída.
Pedro Carrano, jornalista do Brasil de Fato Paraná e integrante da Frente Brasil Popular
Edição: Laís Melo