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Frente Ampla

Fundador do Podemos espanhol visita Lula e defende união da esquerda por democracia

Juan Carlos Monedero entende que existem ameaças às conquistas democráticas na Europa e na América Latina

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Depois de sair da PF, em Curitiba, político espanhol concedeu entrevista coletiva
Depois de sair da PF, em Curitiba, político espanhol concedeu entrevista coletiva - Joka Madruga / PT Nacional

O fundador do partido espanhol Podemos, Juan Carlos Monedero, visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba (PR) nesta quinta-feira (22) e defendeu a união entre democratas europeus e latino-americanos. O cientista político, que também é escritor e professor da Universidade Complutense de Madrid, está no Brasil para o lançamento do livro "Curso urgente de política para gente decente".

Monedero demonstrou indignação com a prisão de Lula e disse que a ascensão da direita em diferentes partes do mundo exige que movimentos e partidos de esquerda se unam em torno de pautas convergentes.

“Temos que perceber que a direita, agora mesmo, está caminhando outra vez por lugares contrários à democracia, e que não podemos estar desunidos. Precisamos estar perto uns dos outros e fixarmos no que nos une. Porque o inimigo não tem nenhum tipo de problema em cometer injustiças tão flagrantes, tão evidentemente contrárias ao sentido comum da democracia”, afirmou.


Político espanhol concede coletiva em Curitiba / Foto: Joka Madruga

O Podemos, partido fundado por Monedero, surgiu a partir de grandes mobilizações sociais que aconteceram na Espanha, em 15 maio de 2011, conhecidas como 15-M. Assim como os protestos brasileiros de junho de 2013, o movimento dos indignados espanhóis foi potencializado pelas redes sociais e levou milhares de pessoas às ruas de diferentes cidades da Espanha.

Na última eleição para o Parlamento Europeu, o Podemos alcançou cerca de 1,2 milhões de votos, elegendo cinco deputados. No saldo da eleição, no entanto, houve uma ascensão de deputados da direita e extrema direita. Dos 751 deputados que o parlamento tem atualmente, 574 identificam-se com o campo da direita.

Na visão de Monedero, é preciso que as forças progressistas da Europa conheçam o que está acontecendo na América Latina para antecipar-se a movimentos de retrocesso e fortalecer o avanço dos ideais neoliberais.

“Eu creio que a luta contra o modelo neoliberal é igual em todos os nossos países. Coisas que vocês [brasileiros] aprenderam faz muitos anos, os desajustes, os resgates bancários, o ‘risco país’, a pressão do Fundo Monetário Internacional... Agora, também sabemos o que significa isso na Europa. Como vítimas da mesma lógica temos, necessariamente, que nos encontrar”, disse.

Defesa da liberdade de Lula

Segundo Monedero, a visita desta quinta serviu para reforçar o compromisso do Podemos em defesa da liberdade do ex-presidente brasileiro. O espanhol afirmou que a prisão de Lula remete à do líder sul-africano Nelson Mandela e à do filósofo italiano Antonio Gramsci, devido ao caráter político da injustiça.

Afirmando que a História lembra dos “grandes homens, mas não lembra dos seus carcereiros”, o espanhol criticou o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro.

“Ninguém que defende a democracia na Europa pensa que Bolsonaro é um democrata. Ninguém que defende o Estado de Direito na Europa aponta com respeito ao juiz Moro, hoje ministro da Justiça, recompensado por haver encarcerado um homem justo e bom”, ressaltou.

Nesta sexta (23), Juan Carlos Monedero segue em Curitiba para o lançamento do livro "Curso urgente de política para gente decente" na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Edição: Daniel Giovanaz