Pernambuco

TRANSPORTE

Aumento da tarifa dos ônibus no Grande Recife é votado nesta sexta (25)

Governo do Estado deve propor valor de R$3,45 para Anel A, enquanto que a Urbana-PE defende que sejam cobrados R$3,70

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Organizações da Articulação Recife pelo Transporte e na Frente de Luta pelo Transporte estão organizando atos contra o aumento da passagem
Organizações da Articulação Recife pelo Transporte e na Frente de Luta pelo Transporte estão organizando atos contra o aumento da passagem - UMES Pernambuco

Como é tradição no início de cada novo ano, mais uma vez o aumento das tarifas para acesso ao transporte público do Grande Recife volta a ser pautado no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), que se reúne na manhã desta sexta-feira (25) para debater um possível reajuste no preço das passagens. Atualmente, o Anel A custa R$3,20 e o Anel B R$4,40. 
No momento, existem duas propostas de aumento. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), argumentando que o reajuste é urgente para que se evite o colapso dos serviços do sistema de transporte público de passageiros da Região Metropolitana do Recife (RMR), defende que sejam cobrados R$3,70 para o Anel A e R$5,10para o Anel B. Já o governo do Estado deve propor um aumento de 7,07%. Dessa forma, o Anel A, por exemplo, passaria a custar R$3,45. O valor proposto pelo governo para o Anel B será de R$4,70. Além disso, o Anel G pode subir de R$2,10 para R$2,25 e o Anel D deve ser extinto e suas linhas incorporadas ao Anel A. 
A reunião acontece na sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, na Iputinga, às 8h. Se aprovadas as mudanças nos valores da passagens, a proposta será levada à Agência Estadual de Regulação de Serviços Delegados de Pernambuco (Arpe) para validação, e os novos preços podem passar a ser praticados a partir deste domingo (27). 
O último aumento no valor das passagens aconteceu em 2017. Em janeiro de 2018, mobilizações da sociedade civil conseguiram pressionar a revogação de uma tentativa de aumento das tarifas de ônibus.

Resposta popular


As organizações da sociedade civil, reunidas na Articulação Recife pelo Transporte e na Frente de Luta pelo Transporte, não concordam com a proposta do reajuste. Os grupos realizam o ato público “Aumento Zero” em protesto às propostas de reajuste da tarifa nesta quinta-feira (24), às 11h, na Frente dos Correios, na Avenida Guararapes. Além disso, representantes da sociedade civil protocolaram na última quarta (23) pedido de liminar contra o aumento da tarifa anunciado para sexta. 
No último dia 10, a Articulação Recife Pelo Transporte lançou a campanha "Você Pode Pagar Menos", pedindo a redução da tarifa para R$2,70 (Anel A). De acordo com Erika Santos, Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), “Os três últimos aumentos (2015, 2016 e 2017) são ilegais porque ultrapassaram em mais de 200% o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”, ao contrário do que rege o CSTM, que define os reajustes anuais das tarifas. Por essa razão, os últimos aumentos tarifários deveriam ser anulados e o valor deveria passar a ser R$2,70. 
Erika também critica a falta de transparência com a qual o processo vem sendo conduzido. “O aumento da Grande Recife é alegado porque o sistema vai entrar em colapso, mas isso não é comprovado em planilha. Outra coisa que a gente também traz é que devem ser discutidas outras formas de financiamento do sistema” explica. 
Erika também relembra que, nos últimos anos, os reajustes foram justificados baseados em melhorias que seriam aplicadas ao transporte público, mas que não foram cumpridas. “As justificadas dadas são sempre de renovação de frota, do seguro em caso de acidentes – que está incluso no atual valor da tarifa – e do sistema inteligente de monitoramento com GPS, para você acompanhar o trajeto dos ônibus. Essa tarifa de R$3,20 abarca essa prestação de serviço, mas que não vem acontecendo. Não houve renovação se frota, o seguro obrigatório deixou-se de pagar, mas continuamos pagando o valor tarifário, e o sistema até hoje não foi implantado” conclui. 

Edição: Monyse Ravenna