Pernambuco

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Bruno Ribeiro renuncia e PT terá novo presidente em Pernambuco

O sindicalista Glaucus Lima assume interinamente a presidência por até 60 dias

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ribeiro presidiu o PT de 2015 a 2017, quando foi reeleito para um mandato que se encerraria em junho
Ribeiro presidiu o PT de 2015 a 2017, quando foi reeleito para um mandato que se encerraria em junho - Reprodução da Internet

O presidente do diretório pernambucano do Partido dos Trabalhadores (PT-PE), Bruno Ribeiro, apresentou nesta segunda-feira (11) a sua carta de renúncia ao cargo na direção estadual da sigla. Ribeiro, que preside o PT desde 2015, volta a se dedicar exclusivamente à advocacia. Quem assume a presidência do partido interinamente é Glaucus Lima, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Informática, Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (SindPD). De acordo com o partido, Glaucus tem até 60 dias para convocar uma nova eleição para presidente do partido.

Em conversa com o BdF, Ribeiro disse não ter pego seus pares de surpresa. "Fui eleito em 2017 para um mandato curto, que ia até junho deste ano de 2019. Mas desde o fim de 2018 tenho conversado com muitos nomes do partido, mostrado minha avaliação de que já fechamos o ciclo", disse. Bruno avalia que o principal legado de sua gestão - que ele faz questão de não personalizar e classifica como "gestão coletiva" - foi o processo de unidade construído dentro do partido, que possibilitou o sucesso nas eleições parlamentares de 2018 e colocou o PT numa posição estratégica de diálogo com as forças progressistas. "É um legado principalmente dos militantes", diz Bruno. 

O principal desafio do próximo período, na sua opinião, é unificar ainda mais o partido e o campo político, aproximando o PT dos movimentos populares e fortalecendo as relações com os demais partidos de centro-esquerda em Pernambuco. "Isso será fundamental para resistir em defesa do povo do Nordeste, que já está sofrendo ameaças de retaliações por parte do Governo Federal", destaca. Outro desafio é manter na pauta a defesa da liberdade de Lula. "Só teremos um país soberano com a superação das injustiças. E a prisão de Lula é uma dessas injustiças".

Perguntado se fora convidado para assumir algum cargo no Governo de Pernambuco ou na Prefeitura do Recife, visto que agora o PT é aliado do PSB, Bruno negou. "Nunca postulei cargo em algum governo. Nem mesmo considerava adequado assumir um estando na presidência do PT, porque isso poderia reduzir a independência do partido diante de seus aliados", diz. E mesmo agora, deixando a presidência, diz não ter cargos em vista. "Há os que se veem mais na luta partidária e os que preferem se dedicar mais à luta social, que é onde me vejo", pontuou.

A Carta de Renúncia

Na carta de renúncia entregue ao partido, Bruno se diz satisfeitos pelas conquistas do partido durante o período em que dirigiu, tendo como missão principal as eleições 2018. "Concluímos com bastante êxito a missão coletiva para a qual fomos eleitos em 2017", afirma.

Em 2015 o PT-PE não possuía em Brasília um deputado federal sequer, contando apenas com o mandato do senador Humberto Costa (PT), além de três nomes na Assembleia Legislativa e quatro na Câmara de Vereadores. Hoje o partido reelegeu Humberto e colocou dois deputados na Câmara Federal, mantendo três cadeiras na Alepe e duas na Câmara do Recife.

O advogado destaca ainda o envolvimento do PT na construção da Frente Brasil Popular, frente que une sindicatos, movimentos sociais e partidos como o PT, o PCdoB e o PDT. "Além disso, a nossa construção coletiva aproximou o PT-PE ainda mais dos movimentos e organizações populares, especialmente com a Frente Brasil Popular, nas lutas por direitos e nas lutas eleitorais", escreve. "Essa certeza de termos cumprido a missão (...) consolidou  minha decisão de fazer logo a transição para os novos desafios que a luta popular e democrática apresentam", despede-se o agora ex-presidente do PT.

O ex-dirigente afirma ainda que, na sua avaliação, poderá "contribuir mais com a resistência às ameaças fascistas" atuando como advogado que como dirigente partidário. Bruno Ribeiro lembra ainda que em sua vida profissional se dedicou à defesa dos Direitos Humanos, causas coletivas, defesa de trabalhadores da cana e da fruticultura, agricultores, dos sem-terra, indígenas, operários e de movimentos sociais e sindicais.

Bruno assumiu a presidência do PT em Pernambuco no ano de 2015, por dois anos, após dois anos de presidência da deputada Teresa Leitão (PT). Na ocasião o acordo para que cada um tivesse dois anos de mandato, um sendo vice no mandato do outro, foi um acordo de pacificação entre dois grupos do partido que iriam "bater chapa" e poderiam aprofundar as divisões dentro da sigla. Com os ânimos mais calmos, no Processo de Eleição Direta (PED) do partido em 2017, Bruno Ribeiro foi reconduzido à presidência, mas para um mandato de apenas dois anos, que iria até junho de 2019.

Edição: Monyse Ravenna