Ceará

CE

Artigo | Seguiremos em marcha até que um dia, nosso povo seja livre

Em 2019 a marcha terá o tema “Mulheres negras movem o Brasil contra o racismo, o machismo, a violência e pelo bem viver"

Brasil de Fato | Crato (CE) |
Registro da II Marcha das Mulheres Negras do Cariri cearense
Registro da II Marcha das Mulheres Negras do Cariri cearense - Nelziane Oliveira

A Marcha Regional das Mulheres Negras do Cariri (CE) vem se fortalecendo desde o ano de 2015 após a realização da Marcha Nacional de Mulheres Negras realizada em Brasília (DF). Nesse sentido, as mulheres negras caririenses viram a necessidade de continuar em marcha contra o racismo e pelo bem viver, se articulando assim a nível regional através de contatos com os povos de terreiro, capoeiristas, mezinheiras, professores, estudantes, sindicatos, quilombolas e agricultores. 
Em 2019 a marcha trará o tema “Mulheres negras movem o Brasil contra o racismo, o machismo, a violência e pelo bem viver: nossos passos vem de longe” e trará como centralidade a bandeira da denúncia do assassinato de Marielle Franco, mulher negra, LGBT, lutadora dos direitos humanos, vereadora do Rio de Janeiro que foi brutalmente assassinada em março de 2018. 
Na sua terceira realização, a Marcha das Mulheres Negras se encontra fortalecida mesmo em tempos difíceis, onde vivemos num atual governo que nos nega também o direito à vida, não temos a opção de escolher qual a luta da vez, a opção que sempre tivemos foi a de resistência, de nos defendermos e também de defendermos nosso povo. 
Saímos em marcha contra o racismo, contra o genocídio da juventude negra e pelo bem viver, tendo a consciência de que sem as mulheres negras, a estrutura brasileira não se sustenta. Por esses motivos que a articulação bienal da marcha é tão importante para a região, principalmente por ser um território fértil no quesito de ancestralidade afrobrasileira e afroindígena, se perpetuando nas culturas dos quilombos e nas tribos que existem e resistem no Cariri. Nós mulheres negras do interior do Ceará, nos fortalecemos na fé que temos na Beata Maria de Araújo e na conexão que temos enquanto mulheres negras que se juntam para a mobilização que se faz necessária em toda conjuntura vigente.

*Integrante do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) 

Edição: Monyse Ravena