Paraná

SISTEMA PRISIONAL

Familiares de presos exigem cronograma de visitas e acesso a condições dignas

BDF PR Entrevista discutiu o impacto do lockdown em comunidades periféricas e na população carcerária

Curitiba (PR) |
Familiares dos detentos no sistema penal, neste contexto, criaram um movimento que chega ao quinto acampamento e seis manifestações desde o início da pandemia, em 2020. - Giorgia Prates

De acordo com informe divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná no dia 28 todas as macrorregiões registraram mais de 90% na taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Diante desse quadro, fica a pergunta sobre como está a condição de setores vulneráveis e que necessitam atenção do poder público. Familiares dos detentos no sistema penal, neste contexto, criaram um movimento que chega ao quinto acampamento e seis manifestações desde o início da pandemia, em 2020.

Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, Nayara e Franciele, esposas de detentos no sistema prisional, em acampamento há mais de duas semanas, exigem negociação com o governador Ratinho Jr. Na voz delas, hoje os detentos não podem receber visitas, sequer com distanciamento. Além disso, o envio do sedex – em lugar das sacolas reivindicadas pelo movimento -, faz com que os presos fiquem sem insumos básicos. Pastas de dente, sabonetes, alimentos. Além do alto custo.

Falam em opressão dentro do sistema prisional paranaense. “A comida estraga, o sedex volta, a gente vem de uma longa luta pela volta das visitas gradualmente. Sabemos que há o lockdown, mas queremos uma data para visita”, afirma Nayara (as entrevistadas preferiram não divulgar o sobrenome).

“Nunca conseguimos um Sedex que entre mais produtos de higiene, uma alimentação para a imunidade não ficar baixa. Os meninos são acordados com chute, socos, sprays pimenta, estamos há meses sem contato com carta, com visitas essa situação se ameniza” denuncia Franciele.

Covid e comunidades periféricas

Larissa Souza, médica da família, com atuação no Rio de Janeiro e em Unidade de Saúde em Curitiba, afirma que faltam condições para o combate à Covid-19 nas periferias, campanhas de conscientização e, o mais grave, o acesso da população à assistência primária. Algo que aconteceu na ocupação Nova Guaporé 2, no bairro Campo Comprido, de acordo com Larissa, é a dificuldade de acesso a esses espaços.

“Sabemos que algumas comunidades estão sem apoio algum do poder público. Unidades de saúde da família estão fechadas, as comunidades têm aquilo como próximo, agora não têm como. As unidades fechadas, algumas viraram posto de vacinação somente”, critica.

 

Edição: Lucas Botelho