Infanticídio

Jornal Brasil Atual Edição da Tarde | 20 de abril de 2021

Cem crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro nos últimos 5 anos, segundo Instituto Fogo Cruzado

Ouça o áudio:

Agatha foi atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro da Kombi em que viajava, no Complexo do Alemão, no dia 20 de setembro de 2019
Agatha foi atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro da Kombi em que viajava, no Complexo do Alemão, no dia 20 de setembro de 2019 - Zô Guimarães

Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que 100 crianças foram baleadas na região metropolitana do rio de janeiro entre 2016 e 2021. O caso mais recente aconteceu na última sexta-feira (16). Kaio Guilherme, de 8 anos, se divertia em uma festa escolar na comunidade da Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, quando foi atingido por uma bala perdida na cabeça. A criança foi operada em cirurgia de emergência, mas, até o momento, permanece em estado grave.

O pequeno Kaio foi a centésima criança baleada na região metropolitana do Rio de Janeiro nos últimos cinco anos, segundo relatório produzido pelo Instituto Fogo Cruzado.

A restrição da circulação das armas de fogo é uma das principais soluções para controlar o alto número de crianças baleadas, afirma Maria Isabel Couto, diretora de Programas do Instituto.

Na contramão da recomendação, o número de registros de armas de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores subiu 120% em 2020 no país. Já aquelas em posse de cidadãos comuns registradas pela Polícia Federal tiveram alta de 65% de 2017 a 2019, segundo dados do 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Entre os motivos que levaram ao número de crianças baleadas na região metropolitana do Rio estão as operações policiais, em que morreram 39 das 100 vítimas.

Esse foi o caso de Ágatha Félix, de 8 anos. A menina foi assassinada durante uma operação policial no Complexo do Alemão em setembro de 2019, quando voltava para a casa acompanhada da mãe.

A morte da menina deu origem à Lei 9.180 de 2021, conhecida como lei Ágatha Félix, que garante prioridade nas investigações de crimes contra a vida de crianças e adolescentes.

Outro passo importante para o combate à repressão policial em comunidades do Rio de Janeiro é a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635. Também conhecida como ADPF das Favelas, a ação judicial tem como objetivo a construção de um plano de redução da letalidade policial em favelas e periferias do estado do Rio de Janeiro.

De sexta a segunda-feira (19), foi realizada uma audiência pública no STF em que representantes de movimentos sociais discutiram a necessidade da aprovação da ação.

*Com informações de Júlia Pereira. 

Confira a reportagem e o jornal completos no áudio acima.

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos