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Marx e as Controvérsias

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Entre 1844 a 1846 pensador alemão teve controvérsias com Ruge, Bauer, Feuerbach e Max Stirner - Foto: Reprodução
Marx e Engels transformam a Liga dos Justos e “Liga dos Comunistas”

Marx, de 1844 a 1846 teve inúmeras controvérsias. A briga com Ruge (1) foi a primeira. A seguir, com a ajuda de Engels, brigou com a família Bauer (2). Então, para completar, ao escrever “A Ideologia Alemã”, reúne várias páginas combatendo não só as ideias de Bauer como também as de Feuerbach (3) e Max Stirner (4).

Após escrever “A ideologia Alemã”, os dois não conseguem publicá-la, são dois grossos volumes in-octavo (formato de livro cuja folha, dobrada três vezes, forma caderno com 16 páginas, oito de cada lado (5)), eles haviam deixado há muito tempo na editora em Westfália, mas, foram informados de que a impressão fora impedida por circunstâncias adversas, então, deixaram os manuscritos, à “crítica roedora dos ratos”, como Marx bem disse; ficando os mesmos, esquecidos em uma gaveta.

Liga passa a adotar a insígnia: “Proletários de todos os países, uni-vos!”

E literalmente, os ratos devoraram algumas páginas. O que resistiu foi publicado posteriormente em 14 de setembro de 1867, sendo portanto, a primeira edição.

Marx não se abalou por não haver publicado seu livro anos antes, pois o livro só proporcionaria aos autores uma oportunidade para que eles esclarecessem a si mesmo os traços fundamentais da nova concepção filosófica que estava elaborando.

Da teoria, a prática, o encontro com a Liga dos Justos

Ao melhor esclarecer suas ideias, Marx sente a necessidade em passar à atividade prática, o que fez procurar se entrosar com o movimento operário europeu, intensificando seus contatos com os dirigentes comunistas de Londres e Paris.

Em março de 1846, é realizado em Bruxelas o Comitê Operário local, filiado à “Liga dos Justos”, uma entidade comunista fundada por Weitling (6). Marx compareceu a essa reunião.

Weitling pregava um comunismo bastante ingênuo, qualificado por ele mesmo como “igualitário”. Sua intenção era a de montar um exército com 40 mil marginais e trabalhadores, afim de implantar seu comunismo em toda a Europa.

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Marx fez Weitling desistir dessa ousadia descabida, travando uma violenta discussão com ele. Marx faz uma advertência a Weitling quanto à irresponsabilidade de envolver trabalhadores em ações revolucionárias mal amadurecidas. No final, Marx diz para Weitling apresentar ao proletariado um programa solidamente assentado em bases científicas.

Weitling diz a Marx que o proletariado revolucionário não precisaria de teorias, devendo os mesmos desconfiarem dos teóricos. Essas palavras irritaram Marx que disse a Weitling aos berros: “A ignorância jamais foi útil a alguém”. A reunião foi então, encerrada após essas palavras.

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À medida que seus pontos de vista vão se prevalecendo sobre os de Weitling, Marx concorda em ingressar na “Liga dos Justos”. Marx por falta de dinheiro não pôde comparecer ao Congresso da Liga em junho de 1847, em Londres. Então, Engels vai e fala em nome de Marx. Engels sugere uma organização interna mais democrática, mudando assim o lema da Liga, que era: “Todos os homens são irmãos”; para a grande conclamação: “Proletários de todos os países, uni-vos!”. Além disso, a Liga passa a ser chamada de “Liga dos Comunistas”.

Comunismo

Portanto, “O comunismo consiste numa reunião de homens livres trabalhando com meios de produção comuns, e despendendo, a partir de um plano combinado, suas numerosas forças individuais como uma única e mesma força de trabalho social”.

Para Marx, “não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário, e o seu ser social que determina sua consciência”. “O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral da vida social, política e espiritual”.

 

Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG)

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

 

1 - Arnold Ruge, 13/09/1802 -31/12/1880, filósofo e escritor político alemão

2 - Bruno Bauer 06/09/1809-13/04/1882, filósofo, teólogo e historiador alemão

3 - Ludwig Adreas Feuerbach, 28/07/1804-13/09/1872, filósofo alemão

4 - Johann Kaspar Schimidt, conhecido como Max Stirner, 25/10/1806-26/06/1856, filósofo alemão

5 - Segundo o dicionário Michaelis, Online

6 - Wilhelm Weitling, 05/10/1808-25/01/1871, importante escritor revolucionário alemão; proponente ao socialismo experimental

 

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Edição: Elis Almeida