Rio Grande do Sul

Água e Saneamento

Presidente do Sindiágua defende Corsan pública em Congresso Nacional de Saneamento

50º Congresso da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento acontece em Porto Alegre até sexta-feira (13)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Presidente Arilson Wünsch palestrou no 50º Congresso Nacional de Saneamento da Assemae, na Fiergs - Foto: Carol Negreiro

Porto Alegre recebe o 50º Congresso Nacional de Saneamento da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), de 9 a 13 de maio, na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Nesta quinta-feira (12), o painel “Água como direito humano fundamental” contou com a participação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS), Arilson Wünsch.

“A água é o maior bem do planeta e este Congresso é fundamental para debater essa ofensiva privatista sobre os serviços públicos de saneamento que ainda restam no país”, afirmou o presidente.

Arilson recordou, durante sua participação, que apenas 1% da água do planeta é potável e tem sido o foco da cobiça das maiores empresas do mundo, atraindo olhares de empresas multinacionais para os recursos brasileiros.

Na sua fala, defendeu a manutenção da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pública, afirmando que é possível prestar o serviço de água e saneamento de forma lucrativa, com qualidade, sem que esse serviço essencial seja entregue de bandeja para exploração de empresas que só visam lucro e não estão interessadas em atender bem a população.

Para exemplificar, Arilson lembrou do caso de uma doceira da cidade de Dom Pedrito (RS), Dona Primitiva, que aos 70 anos tinha como maior sonho ter água encanada para tomar um banho de chuveiro.

“A Corsan, uma empresa pública, viabilizou e viabiliza o sonho de milhares de donas Primitivas espalhadas pelos mais diversos rincões deste estado, sem olhar raça, cor, credo e capacidade de pagamento, porque entende que este é o direito mais elementar de qualquer cidadão”, disse, mostrando as fotos desta usuária atendida pela estatal gaúcha.

O sindicalista afirmou que a privatização vai precarizar e encarecer os serviços de saneamento como provam nos mais de mil municípios em todo o mundo que estão reestatizando os serviços.

:: Sindiágua/RS pede que Assembleia investigue irregularidades na tentativa de venda da Corsan ::

“Continuam vendendo a ideia que a solução do saneamento no Brasil é a magia da privatização. Sabemos que isso vai penalizar principalmente os mais pobres. Nós seguiremos na luta para manter a Corsan pública e garantir os bons serviços que a categoria presta há 56 anos no RS.

Reiterou ainda que o Sindiágua tem tomado medidas legais para impedir a venda da Corsan. A entidade acionou o Parlamento gaúcho entregando vários documentos que apontam a falta de transparência no processo. Dos 307 municípios atendidos pela Corsan, menos de 35% aderiram a ideia de entregar o serviço à exploração privada.

Além disso, a Agergs acaba de confirmar e avaliza o equilíbrio econômico-financeiro da Corsan, mesmo parecer dos estudos técnicos do Fórum em Defesa do Saneamento.

Ofensiva para privatizar a Companhia

O sindicalista destacou o que chamou de "ofensiva do atual governo para privatizar a Corsan" e recordou que isso acontece mesmo com a comprovação da capacidade da estatal em cumprir o novo marco do saneamento que estabelece o ano de 2033 como meta para haver 99% da população brasileira com acesso à água potável e 90% com tratamento e coleta de esgoto.

“É criminosa essa tentativa entreguista de uma empresa saudável e lucrativa a parceiros privados. A Corsan ainda é pública e pode ser mantida, encaminhando suas receitas também para políticas públicas além do saneamento”, aponta.

Arilson destacou que os grandes grupos econômicos estão fortemente aplicados em abocanhar a água nas bolsas de valores. A pesquisa “Quem são os Proprietários do Saneamento no Brasil?” mostrou os cinco maiores grupos econômicos atuantes na área de saneamento no Brasil que em 2018 já controlavam 85,3% do total de contratos.

Integraram também o painel a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, a coordenadora da Cosag/Funasa, Jamyle Calencio Grigoleto e o secretário-executivo do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), Edson Aparecido da Silva.


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Edição: Katia Marko