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SP, MG e abstencionistas: 3 elos decisivos para Lula vencer a disputa presidencial

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Lula, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin: caminhada em Campinas mira 2º turno presidencial e para governador do estado - Ricardo Stuckert
Campanha de Lula tem potencialmente mais repertório para dialogar e atrair voto dos abstencionistas

As últimas pesquisas de intenções de voto apontam para uma pequena vantagem para o ex-presidente Lula frente ao atual ocupante do Planalto, algo oscilando entre 5 a 8 pontos, segundo os mais credenciados institutos de pesquisa de opinião — Datafolha e Ipec.

Os dados das pesquisas também revelam uma consolidação dos votos por região: Lula fortíssimo no Nordeste e Bolsonaro com folga no Sul e Centro-Oeste.

Os eleitores de ambos contendores demonstram forte convicção no voto. Ou seja, quem vota em Lula ou vota em Bolsonaro dificilmente vai mudar o seu voto nesta altura do campeonato. É a eleição presidencial mais polarizada desde a redemocratização do país.

Os números indicam ainda uma ínfima quantidade de indecisos e os abstencionistas, que atingiram a marca de 20 milhões no primeiro turno, serão alvos de intensa disputa nas duas últimas semanas de campanha.

Estratégias especiais conduzidas pelos estados maiores das campanhas do líder petista e do candidato da extrema direita visam atrair o voto dos abstencionistas.

Os números da abstenção têm mantido uma certa regularidade nas eleições majoritárias — é um indicador de certa descrença (politizada ou não) no atual modelo político e institucional vigente no país. Mas não é só isso: fatores diversos concorrem para o fenômeno, que atravessa segmentos etários e de classe — jovens pobres e pessoas maduras com uma vida bastante precarizada.

A campanha de Lula tem potencialmente mais repertório para dialogar e atrair o voto dos abstencionistas, principalmente nas grandes regiões metropolitanas.

SP e MG

Nos dois maiores colégios eleitorais, a campanha de Lula opera com uma dupla tática: manter a liderança de votos em Minas, administrando a vantagem obtida no 1° turno (600 mil votos) e reduzir o apoio de Bolsonaro em São Paulo — um enorme desafio político.

O PT vai ter que demandar a completa nacionalização da campanha de Fernando Haddad e ações mais vigorosas de rua, intensificando a presença de Lula e da campanha na capital paulista e nas grandes cidades do ABC, Osasco, Guarulhos, Jundiaí, Campinas e Baixada Santista.

No momento, é necessário avançar na direção do eleitorado popular, a massa assalariada que ganha de 3 a 6 salários mínimos (alvos de brutal assédio eleitoral dos patrões nas pequenas e médias empresas), apresentar propostas concretas e de fácil compreensão: recuperar e reajustar imediatamente o salário mínimo, anistia geral para os endividados no Serasa, requalificar o SUS, Bolsa de R$ 5 mil reais para o estudante recém formado, adoção da renda mínima, do ensino integral, revogar as medidas antitrabalhistas, o fim do teto dos gastos e punir os crimes praticados pelo governo bolsonarista durante a pandemia.

Para vencer é preciso, com audácia e coragem política, enfrentar os elos decisivos da dura batalha em curso.

*Milton Alves é jornalista e colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É o autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020), ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) e de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país‘ (2022) – com lançamento marcado nesta quinta-feira (13/10) — todos pela Kotter Editorial. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba.

Edição: Lia Bianchini