Fez mais um empréstimo contrariada
Ela colocou o cartão do seu banco no caixa eletrônico para saber o saldo e sacar algum dinheiro para a compra do mês. Na tela do terminal do caixa, veio escrito: “Saldo insuficiente”.
O desespero bateu naquela senhora de quase oitenta anos, com dificuldades para caminhar e sem nenhum parente vivo. O que tinha para viver era só sua aposentadoria e seu gato Setembrino. Ficou logo preocupada com a compra dos remédios do coração, da diabetes e da pressão.
De repente, apareceu um atendente do banco com aquela camisa: “posso ajudar?”. Ela, desesperada, pediu logo uma ajuda.
- Vamos verificar sua conta. Pode ter ocorrido algum erro.
O moço, muito educado e com um sorriso plastificado no rosto, pediu para tirar o extrato da conta para verificar o valor e o que tinha ocorrido. Logo ele entendeu o caso dela. Dois empréstimos consignados tinham “comido boa parte da sua aposentadoria”, e o saldo era muito baixo para sacar o valor que ela queria.
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- Qual a solução, moço? Preciso de dinheiro para pagar as despesas do mês - disse a senhora para o atendente.
Ele respondeu:
- Olha, minha senhora, ainda há margem na sua conta para mais um empréstimo consignado com juros baixos. A senhora pode dividir em 12 meses.
- Mais um empréstimo? Daqui a pouco, meu dinheiro ficará todo no banco.
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Nisso, a pressão dela subiu, e o coração bateu muito acelerado. Ela pensou nos remédios, na sua alimentação balanceada e fez mais um empréstimo, muito contrariada com a situação.
Numa banca de jornal, ao lado do banco, uma manchete em letras garrafais:
Bancos têm lucros exorbitantes de bilhões e bate recorde mais uma vez.
Rubinho Giaquinto é covereador pela ColetivA em Belo Horizonte.
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
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Edição: Elis Almeida