Rio Grande do Sul

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Diga não às drogas! Quais?

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A normalidade do uso diário de drogas legalizadas - Reprodução
Droga, essa cabeça não para de doer. Alguém por aí tem um paracetamol?

Acordo com dor de cabeça e lembro da dipirona na gaveta dos remédios. Que o alívio venha a cavalo, o dia será longo. Enquanto esse martelo interno não sossega percebo que é hora de levantar. 

Quase esqueci do omeprazol em jejum, lembro bem que foi um pedido especial do meu gastrologista. Logo depois ressoam as palavras do meu psiquiatra: tome o antidepressivo pela manhã. Ele tinha razão, minha vida melhorou muito. Claro que eu sigo ansioso, agitado e deprimido. Mas os medicamentos psiquiátricos são pra isso, não? Um pela manhã e dois no fim da tarde tornam o mundo mais palatável.

Respiro fundo enquanto a efervescência da minha vitamina C libera um aroma cítrico. Também preciso do meu complexo vitamínico, tenho esquecido de tomar na frequência ideal. Enquanto isso, separo a vitamina D. Estava com níveis insuficientes, mas também, se eu pegar sol o meu dermatologista me mata! Dissolvo o colágeno na vitamina C enquanto a água do café ferve. 

Sinto a xícara me abraçar, será o primeiro de tantos que virão. Um gole quente que desce acordando minha alma, inclusive meu estômago. Começo a soluçar. Não vai dar! Dessa vez vou precisar de uma cápsula de cafeína. Achei que estava melhor dessa maldita gastrite!

Preparo minha torrada, separo minha lactase. Não tem como começar o dia sem ela, meu whey e a minha creatina. Bora malhar! Mesmo exausto. Bom, preciso de um energético! A taurina vai me ajudar a dar um upgrade. Nossa, mais uma vez eu ia esquecer dos meus dois comprimidos de ômega 3. Mas também, porque eu guardei ao lado dos comprimidos da Prep? Um dia aprendo a deixar juntinho da ritalina e da sibutramina. 

Hoje estou nervoso, a noite passada foi péssima. Jamais imaginei que o meu ciclo de testosterona me deixaria impotente. Preciso conversar com meu endocrinologista. Achei que meio comprimido de viagra melhoraria muito minha performance, mas não, mais uma vez falhei.

Voltei pra casa abatido. Na hora de dormir eu me revirava pensando no que diriam de mim. Preciso do meu hipnótico, há anos que Morpheus e os benzodiazepínicos me abandonaram. O que não é o caso dos relaxantes musculares, que aliviam minhas contraturas diariamente de forma plenamente eficaz. 

Volto da academia. Entro no banho. Preciso me lavar bem com meu sabonete de ácido salicílico, passar um tônico e logo após o meu queridinho creme anti-rugas com protetor solar, claro. Hoje não posso esquecer da finasterida e do minoxidil, ó céus, estou ficando careca! Meu hidratante labial e aquela dose a mais de ácido-hialurônico. Percebo que só o botox e o creme de vitamina C são insuficientes pra frear essa triste fase chamada envelhecimento. Retinol tem me ajudado muito com as olheiras.

Bem, me sinto pronto. Já estou atrasado. Talvez um metamucil pra finalizar. Preciso de fibras pra um bom fluxo intestinal. Falando nisso quase esqueci do imosec, não me sinto confortável de ir ao banheiro no escritório. Aliás, ando muito esquecido. Será que está na hora de consultar um neurologista? Droga, essa cabeça não para de doer. Alguém por aí tem um paracetamol?

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko