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Coluna

Editorial | O futebol nos reconecta. Viva a Seleção Brasileira!

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Crédito - Junior Lima
Cabe-nos tomar de volta a bandeira e a camisa

A cada quatro anos, quando chega a Copa do Mundo, muita gente boa e preocupada com a justiça social torce o nariz para o futebol, a Seleção Brasileira e a mobilização popular que cerca o evento. Quem curte a Copa às vezes o faz com vergonha ou falando mal da festividade, por mais que, lá no fundo, queira ver o Brasil parar e a festa acontecer.

Para além da velha ladainha de que futebol é o ópio do povo - como se a vida das classes populares fosse apenas trabalhar -, há, de fato, alguns motivos para ficar com o pé atrás: as falcatruas da Fifa e das federações, as violações de direitos nas obras de todas as Copas, a alienação e prepotência da maioria dos jogadores, a falta de vínculo de muitos deles com a vida do país, o futebol-mercadoria, a exclusão do povo dos estádios.

Mas tudo isso, longe de ser a essência do futebol e da festa que o circunda, pelo contrário, é a captura do esporte mais popular da Terra pelos interesses dos que sempre tentaram transformar qualquer autêntica expressão humana em lucro. É apesar deles, e não por causa deles, que o povo das favelas e periferias do país ainda colore as ruas de verde e amarelo, veste a camisa da Seleção e comemora quando o Brasil faz um gol.

O futebol pode não ser a prática esportiva mais difícil ou elaborada que a humanidade produziu. Nem mesmo a mais praticada. Mas, decerto, é o esporte mais fascinante, aquele que mais mobiliza paixões e o mais imprevisível, no qual o mais forte pode perder para o mais fraco.

O futebol nasceu como um esporte por assim dizer elitizado, mas popularizou-se rapidamente. Uma das causas foi a vitoriosa luta pela redução da jornada de trabalho na Inglaterra e nos demais países capitalistas, que deu ao trabalhador mais tempo para, entre outras coisas, se encontrar com outros trabalhadores e praticar esse esporte que, lá no início do século XX, o filósofo italiano Antônio Gramsci descreveu como “o reino da lealdade humana exercida ao ar livre”.

Nessa história, o Brasil tem um lugar inigualável. Foi neste país que, pelos pés de uma juventude preta e completamente marginalizada e desprezada, teve início a maior revolução técnica que o esporte vivenciou, a partir dos anos 50. Até hoje, os maiores jogadores estrangeiros reverenciam os brasileiros e reconhecem sua criatividade e seu legado para o futebol mundial.

Muito além das quatro linhas, o futebol é um dos maiores fenômenos da nossa cultura popular nacional. Todos os fins de semana, ele tira de casa milhões de jovens para jogar bola ou torcer pelo time do coração. É impossível entender o Brasil sem olhar para o futebol.

Resgatemos o futebol brasileiro e sua face popular

Se queremos recuperar nossos símbolos nacionais e nos reconectar com o conjunto da população, inclusive aquela que, não sendo bolsonarista, foi seduzida pelo falso patriotismo de Bolsonaro, todos somos convocados a torcer pela Seleção. Cabe-nos, inclusive, tomar de volta a bandeira e camisa que os inimigos da nossa soberania capturaram e transformaram em símbolo do ódio e da ignorância.

Retomar o futebol brasileiro e sua face popular; fazer dessa festa um momento de celebração e contato com a população é uma exigência de quem quer reconstruir o Brasil.

Um viva aos nossos símbolos, à cultura popular nacional e à Seleção Brasileira!

Edição: Elis Almeida