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Brasil avança na Copa com cara de Brasil: superando as dificuldades

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Casemiro marcou o único gol da partida e garantiu o Brasil nas oitivas - Jewel Samad/AFP
É justamente na dificuldade que nos recriamos, dentro e fora das quatro linhas

Sem tomar um chute a gol, a Argentina vence por um a zero a Suíça e garante classificação antecipada, mesmo sem Messi. Brasil sofre para ganhar da Suíça, e sente falta do contestado Neymar. Percebem a diferença das abordagens?

Nesta segunda (28), o Brasil enfrentou mais uma seleção complicada na Copa. E apesar das dificuldades, sem seu principal nome, e com desfalque na lateral direita, venceu sem tomar um chute a gol direito. Mas para muitos, vale a segunda abordagem narrativa, a que jogamos mal. Seria a síndrome de vira-lata contada por Nelson Rodrigues em copas anteriores? Ou será que é justamente pelo nosso alto nível de exigência de querer sempre ganhar bonito que é o nosso grande diferencial e nos faz ser pentacampeões mundiais? Até porque tínhamos que ser exigentes em alguma coisa, já que, por exemplo, para cobrar serviços públicos de alto nível, respeito com o povo por parte das elites econômicas e governantes, não somos tão exigentes assim.

O fato é que ontem o Brasil confirmou seu favoritismo e venceu mais uma vez. Tite procurou dar mais espaço para Paquetá dar o ritmo das jogadas de ataque com Fred na contenção na meia. Deu certo, o Brasil não tomou sustos grandes atrás, mas nossa maior característica, o ataque, acabou sendo prejudicado com transições mais lentas e toque mais burocrático diante do ferrolho suíço.

Era jogo para 0 a 0, mas aí entra o diferencial da seleção nesta Copa, que nos fez avançar em alguma coisa depois de quatro anos de profundos retrocessos e derrotas. A nossa variedade de elenco. Tite saca Fred e Paquetá e coloca dois jovens com mais fome de gol: Bruno Guimarães para agilizar o jogo ao ataque e Rodrygo para ser o homem para encostar junto aos três da frente. Batata. Gol de Casemiro com toque de Rodrygo. E foi só. O suficiente para que ganhássemos pela primeira vez da Suíça na história das Copas e garantíssemos, ao lado dos franceses e portugueses, a classificação antecipada para as oitavas.

Talvez não foi o suficiente para os viralatistas, que acharam que o Brasil jogou muito mal, que a Suíça era fraca, e que era jogo para golear. Para os otimistas realistas como eu, fazendo alusão ao eterno Ariano Suassuana, foi jogo difícil mas que prova que podemos avançar mesmo diante das dificuldades com nossa diversidade, e mesmo em crise. Isso me diz alguma coisa também sobre os últimos quatro anos. Vai ser difícil, como todas as cinco Copas foram, mas no fim é justamente na dificuldade que nos recriamos, dentro e fora das quatro linhas.

Edição: Lia Bianchini