Rio Grande do Sul

Coluna

O reaparecimento do terrorismo de extrema direita no Brasil

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"São inúmeros os relatos de constrangimento, violência e agressões perpetrados pelos direitistas nos bloqueios em estradas e acampamentos em frente de quartéis" - Foto: Joana Berwanger/Sul21
Será preciso encarar o problema do golpismo e do terrorismo de direita no país

À época, o iminente fim da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) fez com que a extrema direita brasileira entrasse em um surto ativista para tentar frear aquela derrocada. A respeito disso, o site Metrópoles tornou público um relatório do Serviço Nacional de Informações – datado de 1984 – que listava 187 ataques terroristas promovidos por grupos de extrema direita entre os anos de 1978 e 1983. Entre os atentados terroristas listados estão casos conhecidos como o Rio Centro, em 1981. A matéria seleciona outros 13 episódios para demonstrar o quanto estavam ativos os grupos de extrema direita no período.

Grupos anticomunistas, contrários à democracia e dispostos a defender a tortura e a eliminação física de adversários, vinculados aos porões da ditadura, se responsabilizaram por aquela infinidade de atentados. Vanguarda de Caça aos Comunistas (VCC), Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e Falange Pátria Nova (FPN) eram alguns dos grupos identificados e nominados pelo relatório do SNI, órgão responsável pela perseguição e eliminação dos opositores da ditadura. Os atentados contra lideranças de esquerda, livrarias e entidades de defesa da democracia e direitos humanos tinham por objetivo frear as negociações que tratavam de alinhavar uma transição de regime, mesmo com garantias aos militares envolvidos.

O mesmo método e os mesmos objetivos – frear as manifestações de caráter progressista ou de esquerda – voltaram a acontecer no Brasil do período bolsonarista. Em dezembro de 2019 a produtora do Porta dos Fundos foi atacada com artefatos incendiários. Uma organização de extrema direita se declarou responsável pelo ataque e um dos autores está envolvido no processo desde então, tendo sido preso por algum período inclusive.

Nesta última sexta-feira (25), um outro caso de atentado terrorista aflorou no país. Um jovem, carregando um símbolo nazista, matou quatro pessoas e feriu mais de 10, em duas escolas do município de Aracruz, no Espírito Santo. Neste mesmo estado, mas no município de Vila Velha, uma granada foi desarmada pela polícia. O atentado terrorista de Aracruz acompanha um tipo de violência política muito presente nos Estados Unidos, o atentado cometido por um único indivíduo. Ainda que a mídia dos EUA prefira dar ampla divulgação aos episódios envolvendo não brancos, este tipo de violência tem sido farta e miseravelmente cometido por indivíduos vinculados a ideologias de extrema direita.

Estes episódios ocorridos no Brasil estão contidos na onda de aumento dos atos de intolerância política, desencadeada pelas manifestações golpistas da extrema direita e da direita radical. São inúmeros os relatos de constrangimento, violência e agressões perpetrados pelos direitistas nos bloqueios em estradas e acampamentos em frente de quartéis.

Será preciso encarar o problema do golpismo e do terrorismo de direita no país. A Constituição Federal, em específico, e a democracia, no geral, necessitam de mais instrumentos legais para sua autodefesa. Será preciso criminalizar o golpismo e a violência política para que não continue a crescer a chaga da extrema direita no país.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko