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MÊS DO ORGULHO: Sim, Leonardo da Vinci era gay. E nosso orgulho dele também é por isso!

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Leonardo Da Vinci é um dos artistas mais conhecidos de todo mundo - Reprodução - Auto Retrato
Algumas informações sobre o gênio figuram nas entrelinhas ainda e uma dessas é o fato de que era gay

Por Hiago Trindade

Em junho - mês do orgulho - parte da sociedade intensifica os debates acerca dos temas e pautas que envolvem o universo LGBTQIAP+. Infelizmente, ainda são recorrentes os casos de preconceito, discriminação e ataques direcionados às pessoas cuja orientação sexual destoa das expectativas estabelecidas pelo padrão dominante. No universo das artes, essa realidade não é diferente e temos vários exemplos de artistas homossexuais vítimas dessa situação. Fiquei refletindo sobre qual deles(as) mencionar em nossa coluna. Poderia ter elegido Michelangelo ou Donatello, Andy Warhol ou Lili Elbe e tantos(as) outros(as), mas escolhi falar do Leonardo.

Leonardo da Vinci é, sem sombra de dúvidas, um dos artistas mais conhecidos em todo o mundo. Sobre ele e seus méritos técnicos, estéticos e poéticos nas obras que produziu foram escritas muitas coisas, mas, algumas informações acerca desse verdadeiro gênio da arte figuram apenas nas entrelinhas dos textos ou, quando não, são completamente ocultadas. Uma dessas informações é justamente a de que Leonardo da Vinci era Gay!

Além disso, ele reunia um conjunto de outras características “interessantes” para a época em que viveu: era “filho ilegítimo”, canhoto e vegetariano. Não por acaso, Walter Isaacson, um de seus biógrafos afirma: “Leonardo sabia o que era ser visto, e ver a si mesmo, como diferente”. Às vezes, inclusive, fico me questionando se a impressão causada pela Mona Lisa, qual seja: a de ver e ser visto(a) por qualquer angulação que se observe a obra,  não teria relação com a forma como Leonardo se sentia imerso no mundo e de como os olhares das pessoas recaíam sobre ele. 

Mas, diferentemente do que se possa imaginar – tendo em vista que da Vinci viveu no século XV – ser gay não era um segredo guardado a sete chaves, ao contrário, o artista lidava muito bem com a sua sexualidade, como podemos comprovar seguindo os registros de  Isaacson, que atesta: “Em sua vida e nos seus cadernos há muita evidência de que ele não tinha vergonha de seus desejos sexuais. Na verdade, parecia se divertir com eles. […] Leonardo estava bem confortável com a ideia de ter companhias masculinas e não fazia segredo disso”. 

A despeito disso, o artista não deixou, obviamente, de sofrer consequências por sua orientação sexual, sendo, inclusive, acusado duas vezes de sodomia. Do século XV ao século XXI, outros(as) tantos(as) “Leonardos” seguem sendo acusados(as) e açoitados(as) por existirem sendo quem e como são. Inclusive, você já parou para pensar em quantos(as) artistas gays, trans, lésbicas ou bi você conhece? Em quantos(as) deles(as) são invisibilizados(as)? Em quantos(as) têm suas obras/trabalhos reduzidos?

Por tudo isso, é preciso dar visibilidade a esses sujeitos: os de ontem e os de hoje. Ora, o universo artístico se constrói a partir da diversidade humana, em suas mais distintas expressões de gênero, orientação sexual, raça, etc. Dessa forma, não faz sentido narrar a vida das pessoas - como se propõem as biografias que almejam apresentar figuras importantes para a história -  escondendo, ocultando ou reduzindo informações sobre quem essas pessoas foram, como elas existiram e como caminharam pelo mundo. 

Sim, Leonardo da Vinci era gay. E o nosso orgulho dele também é por isso!
 

 

Edição: Polyanna Gomes