COMIDA CULTURAL

Cultura e comida típica do MST marcam Festejo da Reforma Agrária no Ceará

No São João do Centro Frei Humberto, pratinho junino ganha sabor de Reforma Agrária e luta é transformada em tradição

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Neste ano, o Festejo da Reforma Agrária teve como tema "Tô com o MST" - Foto: Aline Oliveira
Uma das melhores partes do nosso São João é a comida típica dos assentamentos

Bandeirinhas penduradas. Nas vestimentas muito colorido e, claro, o xadrez. O 'forrózinho' que embala a festa também não deixa dúvida: uma das épocas mais esperadas no Nordeste chegou. As festas juninas fazem parte da tradição cearense.

As quadrilhas puxam o bonde da alegria, mas é o cardápio de comidas típicas do período que embala a expectativa de muita gente que espera, com água na boca, pelo São João. “Uma das melhores partes do São João é a comida típica, onde a gente tem o ‘pratim’, que é um patrimônio do povo cearense. A gente tem também a canjica, a pamonha. Todos esses alimentos que são da nossa cultura ancestral e que no São João a gente desfruta com muito prazer de toda essa comida”, celebra a militante Luz Marim.

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Baião de dois, vatapá, carne de sol: o famoso pratinho é figura indispensável nos festejos juninos. Mas, no Arraiá do Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, eles têm um gostinho ainda mais especial. Isso porque todos os insumos utilizados no preparo foram produzidos em diversos assentamentos do estado. É pratinho junino, é tradição, mas com os pés, ou melhor, as mãos na agroecologia

Mas antes de a festa começar, o trabalho foi intenso na cozinha. Horas no pé do fogão para garantir cerca de 500 pratinhos. Comida feita a muitas mãos com sabor de Reforma Agrária. “Tem o baião de dois, que a gente traz o feijão verde dos assentamentos. Parte das verduras vem dos assentamentos, a farinha, que é usada na farofa, também é do assentamento. Então hoje é uma diversidade de pratinho junino, que aí vem o baião, o arroz branco e acompanha o vatapá tradicional, o vatapá vegano e o creme de galinha”, ressalta a coordenadora do Frei Humberto, Valeriana Barbosa.

É comida de verdade livre de agrotóxicos que mostra a potência da produção de assentamentos, não só no período junino, mas durante todo o ano. “A comida aqui é maravilhosa, muito boa, além de ser saudável porque vem de assentamentos que eles não usam agrotóxico. Então a gente tem a certeza de que a gente está bem alimentado e de forma saudável”, celebra a professora Daniele. 

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A canjiquinha e a pamonha também marcaram presença na festa. “É uma canjica agroecológica, o milho é plantado dentro do assentamento, produzido sem veneno nem nada. E aí a gente utiliza já para fazer o aproveitamento dele. A gente cozinha também, mas do milho a gente faz a pamonha, faz a canjica e quando o milho está seco ainda dá pra fazer o cuscuz”, detalha orgulhosa Norma Rafaela, do Assentamento Antônio Conselheiro.

A militante Aline Oliveira, provou e aprovou a iguaria. “Olha, está uma verdadeira delícia. Melhor de tudo é saber que vem dos assentamentos de Reforma Agrária. O sabor maior é porque a gente sabe que isso aqui são agricultores, familiares, camponeses, que estão lá produzindo alimento saudável. Como com muita confiança”, ressalta.

E de barriga cheia, a festa, claro, terminou com muita quadrilha. E que venha o São João 2024. 

Edição: Francisco Barbosa