O relatório Demografia Médica no Brasil, apresentado neste mês, mostra que o número de profissionais da área está na mesma média que países como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.
Por aqui, são 2,7 médicos para cada mil habitantes, dado levemente superior às outras nações citadas acima, que apresentam 2,6 médicos no mesmo nível de comparação.
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O estudo foi conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica do Brasil (AMB) e utilizou os dados mais recentes do Censo do IBGE.
Para o doutor César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, o "Brasil ficou bonito na fotografia". No entanto, a média não se mantém ao olhar o resultado fora das capitais.
Mesmo estados que apresentam uma média superior à nacional enfrentam problemas na regionalização do acesso.
O caso mais expressivo é no Espírito Santo, onde a média é de 3,47 médicos para cada mil habitantes. No entanto, na capital, Vitória, esse número alcança mais de 18 profissionais. "Esse dado mostra uma concentração absoluta na capital, deixando o interior do estado defasado", ressalta Fernandes.
No geral, todas as regiões do país enfrentam o mesmo problema, de modo que, nas 41 cidades com mais de 500 mil habitantes, onde vivem 29% da população nacional, estão concentrados 61,5% dos médicos.
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"Você fala, olha, o estado X, qual é o número de médicos que eu tenho por habitantes no Brasil? Você vai dizer, 'tenho ao redor de 2 ou 3 [para cada mil habitantes]'. Ah, então tá bom. Só que, por exemplo, na capital você chega a 3, no interior você chega a 1,4 [médico para cada mil habitantes]", explica Fernandes.
Há uma desigualdade, também, por regiões do país. Enquanto o Distrito Federal tem seis médicos para cada mil habitantes, o Maranhão tem um. Rio de Janeiro tem quatro, já Amazonas, apenas 1,5.
Fernandes acredita que políticas como o Mais Médicos são capazes de combater estas desigualdades. A crítica do doutor à proposta é a falta de continuidade. "Precisamos de políticas de Estado, não de governo", argumenta.
"Eu acredito que todo governo tem boas intenções ao implementar sua política, mas precisamos de continuidade para que esses avanços não fiquem pelo caminho", argumenta.
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Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu o primeiro passo para a retomada do programa Mais Médicos, que foi esvaziado após a vitória de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018.
Lançado em 2013 pela então presidenta Dilma Rousseff (PT), o programa marcou a história da atenção à saúde no país, com a ampliação da oferta de profissionais. Entretanto, a iniciativa sempre foi alvo de críticas da oposição (que posteriormente se tornaria situação, com a chegada de Bolsonaro ao poder).
Nos últimos anos o programa foi enfraquecido. Bolsonaro chegou a lançar uma suposta alternativa, chamada "Médicos pelo Brasil", mas que jamais decolou.
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Fernandes defende que, independentemente, da política a ser tomada o importante é "que nós devemos defender o SUS. O SUS é uma benesse para a população brasileira. Graças a Deus nós temos o SUS. Nós devemos nos honrar do SUS".
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Edição: Nicolau Soares
