Paraíba

Coluna

Festival de Cinema de Bananeiras teve início nesta quarta (8) com apresentação do longa-metragem "Vida entre folhas"

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O filme gravado em parte na cidade de Bananeiras (PB) foi protagonizado por diversos artistas locais - Divulgação
É a primeira vez que a cidade do brejo paraibano recebe um evento dessa natureza

Por Hiago Trindade*

Iniciou, na noite de quarta-feira (8), o Festival de Cinema de Bananeiras/PB (FEBANCINE). É a primeira vez que a cidade do brejo paraibano recebe um evento dessa natureza e, seguramente, este é um passo fundamental tanto para demarcar a qualidade da produção audiovisual paraibana, quanto para disseminar as obras cinematográficas para as cidades mais afastadas dos grandes polos do Estado.

O evento se estende até o dia 12 de novembro com a exibição de curtas e longas-metragens produzidos por artistas de diferentes estados e regiões do Brasil e, além disso, conta com uma programação bastante diversificada, composta por oficinas e grupos de trabalho sobre temas variados do universo cultural.  

A estreia foi marcada pela apresentação do longa-metragem "Vida entre folhas", dirigido por Silvio Toledo. O filme gravado em parte na cidade de Bananeiras e protagonizado por diversos artistas locais, enfatiza a vivência da personagem Rita e seu desejo em decifrar as palavras para ler o mundo e para manter as lembranças de suas raízes vivas.

O desenvolvimento do longa é interessante pois, na medida em que a personagem compreende as palavras, ela nos narra uma história e, no mesmo movimento, torna-se autora de novas páginas que precisam ser contadas. Mas, além disso, o filme apresenta outras tantas reflexões intensas sobre o nordeste, sobre o machismo e sobre as possibilidades da educação transformar vidas.

Quando o filme acabou, voltei de carona com um morador local para a minha acomodação. O assunto durante o nosso trajeto não poderia ter sido outro: o filme que acabávamos de ver. Obviamente, o longa tem muitos méritos estéticos e técnicos, mas nós não conversamos sobre eles. 
No diálogo que travamos, o que prevaleceu para mim foi o encanto daquele morador por saber onde as cenas foram gravadas, por reconhecer os objetos que faziam parte dos cenários, por poder ensinar ao seu filho coisas sobre sua cultura. 

De fato, olhar pela tela do cinema o lugar onde se constrói a existência, é sem dúvidas algo muito significativo. São experiências como essa que acabei de relatar que reforçam a urgente necessidade de garantir cota de telas nos cinemas para a produção cinematográfica nacional. Essa é sem, dúvidas, uma forma de podermos ver os bons filmes que produzimos mas, sobretudo, de experienciar os sentimentos diversos que eles nos provocam.

Por isso, gostaria de finalizar essa "matéria-relato" parafraseando uma citação de Paulo Freire que nos surgiu na tela, indicando que o filme havia chegado ao fim: A educação e a arte não transformam o mundo. Elas mudam as pessoas. Pessoas transformam o mundo.

*Doutor em Serviço Social pela UFRJ e professor do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Campina Grande (Campus Sumé). Ainda pela UFCG, cursa o bacharelado em Arte e Mídia


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Edição: Polyanna Gomes