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CRÔNICA | Revolta das Canjicas

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Imagem ilustrativa - Foto: Freepik
A sorte é que passou na hora um garçom com uma deliciosa picanha

Fim de ano é época de encontros e festas por todo lado. Há festas familiares, festas do povo, do trampo... festa é o que não falta. Muitos churrascos, risadas e fofocas. Aliás, fofocas movem o mundo. Falar da vida dos outros é quase um gozo freudiano para a maioria das pessoas.

Numa dessas festas, reencontrei uma grande amiga que tinha acabado de virar psicóloga. Ela estava muito feliz e, ao mesmo tempo, preocupada. Confessou que festas e lugares que reúnem muitas pessoas são um inferno para ela. Fica por dentro analisando o comportamento e a personalidade das pessoas.

Ainda me confidenciou que suas análises são amálgamas esquizofrênicos demais. Mistura métodos psicológicos na cabeça: Freud com Carl Rogers e Gestalt com Behaviorismo.

Dei uma risada e fiquei pensamento qual seria meu diagnóstico. Ela me falou que não analisa os amigos. Não acreditei muito. Ela deu uma risada e um olhar 43 de Mona Lisa misturada com Dona Evarista.

Brinquei com ela e falei que as cidades de hoje parecem “manicômios” e daqui a pouco quase todo mundo estará na tarja preta. Hoje quase todo mundo possui um diagnóstico disso ou daquilo. Ninguém escapa, mermão!

Mais tarde, chega um amigo muito gozador, engraçado com uns goros já na cabeça, e, sem saber do meu papo com minha amiga psicóloga, solta uma piada contemporânea:

- Você tomou sua tarja preta hoje?

O silêncio foi constrangedor. A sorte é que passou na hora um garçom com uma deliciosa picanha e um chopinho bem gelado. Minha amiga saiu à francesa e sumiu na festa.

 

Rubinho Giaquinto é músico, escritor e militante do Coletivo Solidariedade Cidadã.

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Leia outras crônicas de Rubinho Giaquinto em sua coluna no Brasil de Fato MG!

Edição: Larissa Costa