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Elon Musk ataca democracias como um tigre, mas é um gatinho manhoso do capital e da direita

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Há hoje uma espécie de "Internacional fascista" que ocasiona vários ataques coordenados da extrema direita em vários países - Divulgação
É nítida a aproximação de defesa de governos de direita por Elon Musk

Elon Musk. O bilionário, que se autoproclama “absolutista da liberdade de expressão”, tem atacado democracias como um tigre, mas a verdade é que ele não passa de um gatinho manhoso a serviço do capital e da direita.

O Brasil não é a primeira vítima da ambição de Musk, ambição mais que econômica, política. É nítido o interesse em desestabilizar o nosso país.

O tigre feroz por trás do X (antigo Twitter) não afronta com a mesma fúria a China, onde a plataforma é simplesmente proibida. Porém, é importante lembrar que a Tesla, de propriedade de Musk, fatura bilhões com produção de seus carros elétricos em Xangai. Participa de eventos com ministros de governo de Xi Jinping e em nenhum momento esboça qualquer desconforto em não ter a plataforma X em funcionamento no país. Seria hipocrisia? O que vale mais: a liberdade de expressão ou bilhões no bolso?

Outro momento em que o tigre ferino se transformou em gatinho tomando leite na tigela ocorreu no ano passado quando cumpriu ordens do governo da Índia sem questionar. Na Índia, o X removeu links direcionados ao documentário da BBC "Índia: A questão Modi" após determinação do governo do primeiro-ministro Narendra Modi. O conteúdo retrata o massacre de quase mil muçulmanos no estado de Gujarat, em 2002.

Sabe o que o autoproclamado da liberdade de expressão disse sobre esse episódio: "As regras na Índia sobre o que pode aparecer nas redes sociais são muito estritas e nós não podemos violar as leis do país". Porém, no último domingo, essa mesma pessoa acordou e resolveu atacar a soberania do Brasil, o Supremo Tribunal Federal e questionar as decisões do ministro Alexandre de Morais. O que o motivou a tomar essa decisão?

Vale lembrar que Musk também não questionou pedidos de remoção na Turquia. Por lá, contas com conteúdos contrários ao governo tiveram o alcance reduzido. E tudo bem por ele. Sabe o que a Turquia e a Índia têm em comum? Governos de direita, assim como Trump que teve a conta reativada no ex-Twitter após a compra da plataforma pelo bilionário. O banimento da conta havia ocorrido após Trump incitar seus apoiadores a atacar o Congresso americano.

É nítida a aproximação de defesa de governos de direita por Elon Musk, o que é um direito dele, mas usar isso para atacar democracias e descredibilizar autoridades, não. Liberdade de expressão precisa e deve ser defendida, e a desinformação combatida. Saindo da esfera política, a organização Center for Countering Digital Hate (CCDH/Centro para Combate ao Ódio Digital) identificou após um estudo que o X aumentou seu faturamento com anúncios ligados a discurso de ódio.

Ou seja, desde que o autoproclamado encha os bolsos, tudo é possível e permitido.

Nesta ocasião, inclusive, o defensor da liberdade tentou silenciar o CCDH com um processo na justiça americana, que negou o pedido. Na Europa, a plataforma é investigada pela Comissão Europeia por violar normas de moderação de conteúdo e de transparência da Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês).

Que todos os países acendam seus sinais de alerta para a desinformação, porque a desinformação e o ódio, como vimos, corroem democracias e destroem famílias inteiras. E que o Brasil siga firme na defesa de sua soberania.

Edição: Pedro Carrano