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Coluna

1° Encontro de parlamentares trans negros e negras: Mudando o eixo de discussão

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Da esquerda para direita: Jeovana Cardoso presidenta da FONOTRANS, Keila Simpson presidenta da ANTRA e Divina Aloma multiartista, antiga vedete dos teatros musicais. - Foto: Acervo FONOTRANS / TV Garrincha
9° encontro do fórum Black trans Brasil e este encontro de parlamentares ocorreu em Teresina (PI)

Foram quatro dias de muitos debates e apresentações enriquecedoras.

As representantes da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estiveram presentes nessa agenda. Em sua fala, Bruna Benevides, pesquisadora da Antra, fala da importância de debatermos todos os temas sem excluir o movimento trans, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras também é nossa, da mesma maneira que nossa luta precisa ser tema também de governos progressistas.

Segundo análise da pesquisadora desde o golpe dado ao governo Dilma, as políticas públicas começaram a se tornar inexistentes. Para Keyla Simpsom, presidente da instituição, o governo Bolsonaro foi um retrocesso avassalador que trouxe uma agenda de caça às bruxas modernas, em que as bruxas são travestis e transexuais.

A organizadora Jiovana Cardoso, uma das fundadoras do movimento trans organizado, idealizadora do evento, relatou que o encarceramento em massa tem cor, que as grandes vítimas da transfobia são jovens pretas e pobres oriundos das desigualdades sociais latentes em um país continental.

O Evento contou com a presença e fala das parlamentares do Rio Grande do Sul, Regininha de Rio Grande, e de São Borja Lins Robalo, que trouxe os ataques sofridos por todas as parlamentares como tema central, e a importância de nos organizarmos perante as eleições 2024.

Para a vereadora Regininha, do mesmo modo, que movimento trans e travesti se organizou nas esquinas da ditadura sendo resistência, agora também o movimento precisa se organizar e ocupar esse espaços que tem o poder de transformar a ausência de políticas públicas.

A deputada Linda Brasil relatou a transfobia dentro dos próprios partidos de esquerda que se dizem progressistas. Já a presença da única vereadora do nordeste, Tabata Pimenta, foi narrada pela fala da perda da mãe pelo Covid-19 e pelo comprometimento com a pauta PCD, pois a partir da morte de sua mãe, ela ficou responsável pelo seu irmão PCD.

Integrações de afetividade e demonstração de ausência de acessibilidade levaram Tabata a ser uma das mulheres mais votadas em 2022, com mais de 80 mil votos, porém insuficiente para elegê-la como deputada federal.

O evento teve a presença de uma equipe Designada pela Ministra Nísia Trindade, que deram um show de SUS e do protagonismo do Zé Gotinha, principalmente do acesso a políticas de combate a HIV-Aids.

Conselhos de Direitos Humanos

O encontro teve fala sobre Educação como a doutora Megg Rayara, a primeira doutora negra da UFPR a ocupar a universidade e desenvolver pesquisa.

O encontro falou do passado, do presente e do futuro que hoje mulheres trans com mais de 60 anos sofrem, desde a ausência de segurança alimentar, a dificuldade de acessos de políticas públicas como Bruna Ravena, presidente do Conselho estadual dos direitos Humanos (COPEDH - PR).

Aproveitamos a presença de representante da pasta da Saúde sobre HIV e entregamos uma denúncia de Apucarana, sobre o mau armazenamento de medicamentos de HIV e hepatites do centro de referência HIV. Vale salientar que, pela tabela SUS, o tratamento de pessoas soropositivas custa no mínimo 5 mil reais e das hepatites três mil reais, e o armazenamento está inadequado e pode levar à inativação do produto.

O evento trouxe todos os temas dos movimentos sociais amarrados na pauta transexual e travesti, demonstrando como o capitalismo é excludente e perverso a grupos lidos e tidos como supostas minorias.

 

*Renata Borges tem 40 anos, nasceu em Curitiba e escolheu Apucarana para viver, é uma mulher transexual, ativista pelos direitos humanos, pelos direitos LGBT+, contra a discriminação e as desigualdades sociais. Conselheira Estadual dos Direitos da Mulher pela sociedade civil e filiada à Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato Paraná

Edição: Pedro Carrano