RESISTÊNCIA

Espaço político e cultural do MST completa 4 anos fortalecendo movimentos populares no Maranhão

Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, em São Luís, é composto pelo Armazém do Campo e pela Expressão Popular

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Em quatro anos, o Solar Cultural do MST se consolidou como espaço de fortalecimento dos movimentos populares, estudantis e sindicais - Reprodução 'Bem Viver TV'
É importante ter esse espaço físico de formação, debate político e construção das relações sociais

A maranhense, negra e abolicionista Maria Firmina dos Reis dá nome e vida ao Casarão, no centro de São Luís (MA). O espaço político e cultural do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras rurais Sem Terra (MST) foi inaugurado em 2019, agregando uma unidade do Armazém do Campo, com variedade de produtos da reforma agrária e também da livraria Expressão Popular, referências de acolhimento e diálogo entre campo e cidade em defesa da classe trabalhadora.

“O Solar se constitui hoje como uma grande referência da esquerda aqui na capital, onde a gente se articula com a cultura, a música, a poesia, a literatura, com o Armazém do Campo. Então se constitui nesse momento onde vivenciamos um período difícil no nosso país, e o Solar veio para nos dar esse momento de reflexão, mas também de conspiração”, explica Jonas Borges, da direção do MST. 

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Desde que foi criado, o Solar Cultural da Terra passou a ser um espaço de construção coletiva, se destacando com ações de resistência e solidariedade como o Café Solidário, que servia alimentação às pessoas em situação de rua durante a pandemia de covid-19. 

“Isso contribuiu para que a gente pudesse, coletivamente, pensar o MST e construir alternativas de resistência. Foi aqui que construímos uma grande referência do movimento Fora Bolsonaro em São Luís, um espaço que aglutinava a militância, estudantes, partidos, centrais sindicais e daqui que seguimos para as ruas da capital”, avalia Borges.


O Armazém do Campo integra um dos espaços do Solar da Terra de São Luís (MA) / Mariana Castro

Para comemorar os quatro anos, foram realizadas atividades como exposição fotográfica Rumo aos 40 anos do Movimento, festival literário com mulheres Sem Terra, muita música popular maranhense, ato político sobre a CPI contra o MST e feira da reforma agrária, repleta de alimentos agroecológicos da agricultura familiar, que vieram direto dos assentamentos da região.

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Gilvan Santos, da coordenação do Armazém do Campo no Maranhão, fala sobre como o espaço pode ser um diálogo com a sociedade. “Esse diálogo que os Armazéns têm permitido com a sociedade tem quebrado barreiras nesse momento de muita ofensiva que vivemos contra o movimento, de tentativa de criminalizar os movimentos sociais. Esse ambiente para a gente dialogar permite que a sociedade saiba exatamente o que é o Movimento Sem Terra, o que são os Armazéns do Campo”, diz.

Com presença massiva de representantes estudantis, sindicais e de outros movimentos popular, o público que frequenta o Solar reforça a importância do espaço.

“É importante ter esse espaço físico, como espaço de formação, debate político e também de construção e fortalecimento das relações sociais entre a militância dos movimentos sociais, sindicais, partidários, mas também o diálogo com a sociedade maranhense sobre a democracia, sobre a reforma agrária, sobre a luta por uma sociedade justa, a luta de classes que vivemos no nosso país”, afirma Dalila Calixto, da direção nacional do Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB).

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Ao longo de sua história, o Solar já recebeu nomes como Silvia Federici, Ludmila Ribeiro e Conceição Evaristo. Agora, rumo aos 40 anos do movimento Sem Terra, fortalece a necessidade do debate em torno da produção de alimentos saudáveis, do combate à fome e a urgência da reforma agrária no país.  

“A gente entende que neste momento de quatro anos, é um momento de culminância, é um momento de esperançar esse novo período, onde o Brasil respira democracia, respira um novo momento para a gente dar um salto de qualidade na sociedade brasileira e o Solar faz parte dessa história, o MST faz parte desse processo”, complementa Jonas Borges. 

Edição: Douglas Matos