O que essa criança está fazendo aqui?

Coletivo de mães realiza vasta programação para discutir maternidade

Eventos acontecem em maio e discutem os conflitos silenciados pela sociedade quando uma mulher se torna mãe

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Mulheres dedicam, em média, 20,9 horas semanais aos cuidados com o lar, enquanto os homens dedicam 11,1 horas semanais
Mulheres dedicam, em média, 20,9 horas semanais aos cuidados com o lar, enquanto os homens dedicam 11,1 horas semanais - Reprodução

O tradicional dia das mães está chegando e com ele vem as comemorações de flores e culto à divina maternidade. No entanto, nem todas as mães concordam com essa visão tradicional onde elas são colocadas pela sociedade.

Pensando em desconstruir esse romantismo em torno de ser mãe é que surgiu o Coletivo Pachamamá. “Esse grupo de mães, que se tornou um Coletivo, surgiu da necessidade de dialogar sobre a invisibilidade da mãe enquanto um sujeito político, enquanto cidadã, enquanto pessoa que sai desse papel da mãe romântica que tudo sofre, de que tudo suporta, que faz tudo pelos filhos e que, na verdade, isso esconde muitas injustiças, divisão de tarefas injustas e o machismo que atinge as mulheres mães fortemente”, explicou Geysianne Felipe do Nascimento, uma das integrantes do coletivo.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada, em 2017, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres dedicavam, em média, 20,9 horas semanais aos cuidados com o lar, enquanto os homens dedicavam 11,1 horas semanais.

“Várias mulheres, muitas feministas quando se tornaram mães passaram por situações e a gente começou a conversar sobre isso, então há dois anos esse grupo vem se articulando e esse ano a gente decidiu ter uma incidência no mês de maio para trazer um outro olhar, além do olhar normativo da sociedade que coloca a mãe como esse ser iluminado, cândido, que faz tudo pelo filho e que, na verdade, essa mulher, ela sofre bastante, mas metade desse sofrimento é sobre a própria estrutura machista e ao fato de como a sociedade se organiza que exclui e relega as mães a um plano de que se você teve filho, você morreu para a sociedade, você não tem direito de estudar, o que é que essa criança está fazendo aqui? Então são várias questões que precisam ser refletidas”, relatou Geysianne.

Programação Mês de Maio

O Pachamamá é um espaço de crítica e também de reencontro com a maternidade real. O Coletivo, em parceria com alguns outros grupos, está realizando uma série de programações neste mês de maio, começando pelo dia 5, domingo,  na Casa da Pólvora, que vai acontecer a partir das 14h e conta com Oficina de Shantala (massagem para bebês), com a facilitadora Kátia Blond, roda de diálogo sobre a inserção das mães no mercado de trabalho e sobre mães e diversidades, além de teatro para bebês, com peça intitulada “A terra do antes”.

Já no dia 7 de maio, terá uma Roda de diálogo sobre violência obstétrica junto com o Fórum de Mulheres da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que acontece na UFPB, sala 13, do Departamento de Artes Cênicas, no CCTA, a partir das 14h.

O ponto alto da programação será no dia 17 de maio, na Casa da Pólvora e é em parceria com o movimento das mulheres negras. Neste dia, vai acontecer uma Feira de Economia Criativa, com show de Gláucia Lima e Tia Ciata e também terá abertura de uma exposição. "Será um momento mais político, com falas mais politizadas", disse Geysianne.

A programação conta com várias parcerias como Afya Centro Holístico da Mulher, Casa Pequeno Davi, Porto do Capim em ação, Fórum de mulheres em Luta da UFPB, Maria Quitéria - Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais, Cherimbom comidas regionais, Parque Casa da Pólvora, Animacentro, Funjope e Prefeitura Municipal de João Pessoa. E as organizadoras lembram que todas as programações vão ter área de acolhimento para as crianças.

Mais informações podem ser conferidas pela rede social @coletivo_pachamama.

Edição: Heloisa de Sousa