O circo aproxima. Reaproxima. É lugar de encontros nesse mundo de tantos desencontros. A arte e a política, por exemplo, uma pensava que a outra andava sumida.
Desde os anos 90, no vazio deixado pelo neoliberalismo, pela queda do Muro e construção de vários outros, a maioria dos artistas voltaram-se para a arte em si mesma, para o próprio umbigo.
A esquerda, por sua vez, enrijeceu, acuada nos tempos de baixa das lutas. Perdeu o vínculo com o povo e também com a arte nas suas várias formas.
O que a gente tem visto no Circo é diferente. O picadeiro é o todo, onde música, poesia, debates políticos, políticas culturais entram em cena, sem muros acadêmicos.
O debate de sábado (6), com artistas e fazedores da cultura, mostrou esses novos horizontes. Chamou a atenção a fala de Juliana Bonassa, do setor nacional de cultura do MST: “Queremos fazer arte com qualidade técnica e fundamentação política”.
O escritor português José Saramago aplaudiria em pé. Ele que sempre se colocou como intelectual engajado e, ao mesmo tempo, produzia uma arte extremamente elaborada.
E o Circo vai mostrando caminhos.
*Pedro Carrano, do jornal Brasil de Fato e da Frente Brasil Popular.
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