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Opinião | Uma condenação em busca de provas

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Setores da burguesia e da elite brasileira não aceitam a possibilidade de o país voltar a ser governado por um líder popular
Setores da burguesia e da elite brasileira não aceitam a possibilidade de o país voltar a ser governado por um líder popular - Ricardo Stuckert
Apenas mais do mesmo: acusações baseadas em outras acusações

Na última quarta-feira, dia 13 de setembro, o ex-presidente Lula prestou mais um depoimento ao juiz Sérgio Moro, lá em Curitiba. No script, nada de novo. Apenas mais do mesmo: acusações baseadas em outras acusações. E prova que é bom, nenhuma.

Estes últimos meses foram marcados por denúncias e mais denúncias para cima dos mais diversos partidos políticos do Brasil. Praticamente toda semana temos delações ou gravações que envolvem alguém. A mais recente foi a do Geddel Vieira Lima, político baiano, ligado a Michel Temer e uma das principais lideranças que tiveram atuação decisiva na construção do golpe contra a presidenta Dilma. Para além das denúncias e provas que já pesavam contra este senhor, chamou a atenção nos noticiários dos últimos dias a enorme quantidade de dinheiro encontrado em um apartamento. Foram escandalosos R$ 51 milhões dentro de uma única habitação. É dinheiro que “ladrão preguiçoso não leva”, como eu costumava escutar na minha adolescência. Isso é tanto dinheiro, que foram necessárias cerca de 14 horas de contagem seguidas para se chegar ao valor total.

Onde quero chegar é que este dinheiro ligado ao Geddel me lembrou que são vários denunciados com provas concretas. Há provas contra Aécio Neves. Há provas contra Michel Temer. Há provas contra Eduardo Cunha. Há provas contra Joesley. E contra vários outros. Mas ao que parece até agora, depois de anos e anos de investigação, não conseguem é encontrar prova alguma contra o ex-presidente Lula.

A mais recente cartada do grupo que quer derrubar o Lula é o depoimento do seu ex-ministro Antônio Palocci. Usado o tempo todo pela grande imprensa, o depoimento do Palocci soa como uma grande novidade, mas não passa de mais do mesmo: acusações sem provas. É um tal de “ouvir falar” que parece a brincadeira infantil de telefone sem fio.

Ao cabo e ao fim, as acusações contra o Lula se escancaram cada vez mais como perseguição política do que investigações de fato. Ao invés de acusações baseadas em provas para se chegar a uma condenação, temos o inverso disso. Temos um grande palco e, no meio dele, uma condenação pré-preparada. Uma condenação sem provas, a partir de indícios. E por trás deste palco, setores da burguesia e da elite brasileira que sempre detiveram o controle do nosso país e que não aceitam a possibilidade de o país voltar a ser governado por um líder popular. Que não aceitam que se construa um país voltado para os interesses do povo. O povo brasileiro.

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