DEMOLIÇÃO

Cerca de duas mil pessoas são despejadas e vêem suas casas demolidas no Mussumago

Remoção começou debaixo de chuva, às 4h da madrugada

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Tratores destruindo as casas das pessoas
Tratores destruindo as casas das pessoas - Foto: Arquivo pessoal

Cerca de 200 policiais, de várias corporações, como Polícia Militar, Polícia Ambiental, Bombeiros e o Choque foram garantir, na madrugada desta quinta-feira o despejo, por ordem judicial, de 750 famílias que fizeram casas e barracos em um terreno no Muçumago, na altura da Praia do Sol. As pessoas ainda dormiam, velhos, crianças e mulheres grávidas quando os tratores chegaram derrubando casas sem deixar que elas tirassem seus pertences. Ao derrubar quatro barracos nesta urgência, começaram a chegar organismos de direitos humanos e parlamentares, e os tratores tiveram de esperar as pessoas retirarem seus móveis. Foto: Arquivo pessoal
Uma das moradoras, Cristina Augusta, conta que estavam lá há cerca de um ano e que já havia tido duas ordens de despejo, que conseguiram parar, mas ontem, foram despejados de forma desumana. Foto: Arquivo pessoal
“Está um desespero só. O dono desse terreno tem quarenta anos de falecido, e quem matou ele foi a esposa e o amante. Então não pagava IPTU, e ficou por conta do Incra, e nós estávamos pagando IPTU. E ficamos sem saber o que fazer. Minha cunhada é gestante, mãe de três filhos, está pra nascer o bebê e não tem para onde ir ”, conta ela.Foto: Arquivo pessoal

Segundo Andréa Ferreira Coutinho, Ouvidora Geral da Defensoria Pública no Estado da Paraíba, a empresa Aliança que é uma construtora de prédios e condomínios na Paraíba, está fazendo intervenção no processo, fornecendo  tratores e maquinários pertencem à empresa para derrubar os barracos. Antes das pessoas saírem, toda a estrutura da Aliança estava presente já levantando os muros do terreno para ocupar. Ela também disse que à noite ouviu-se tiros para amedrontar os cidadãos.Foto: Arquivo pessoal
No momento, as famílias que não tiveram realmente para onde ir estão alojadas num terreno onde seria construída uma creche da Prefeitura, no bairro Mussumago. Há escassez de toda e qualquer estrutura, alimentos, material de limpeza e higiene, agasalhos, remédios, atendimentos médico, panelas e fogões. Uma campanha foi iniciada nas redes sociais para que as pessoas se sensibilizem para doarem materiais.

Foto: Arquivo pessoal

Segundo Guiany Campos Coutinho Presidenta do Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH/PB), a área de 24 m2. abrigava, cerca de 750 famílias cadastradas em uma área rural, onde já havia até plantações. “Situação deprimente assistir, com o coração partido, a destruição do sonho de tantas famílias. A dor de ver o suor de tantos ir ao chão. Essas são pessoas que já não tinham nada. E após tanta chuva, o que tinham ficou no relento e perderam muito mais coisas. E agora são cerca de 50 famílias instaladas nesse terreno no Mussumago, abrigadas em quatro tendas e esperando uma solução”. Ela conta que segunda-feira haverá uma reunião com diversos órgãos, Prefeitura, Ministério Público e Secretarias de Estado. A solidariedade da Ouvidoria da Defensoria Pública, da própria DPE, da OAB, do Padre Severo, do mandato de Cida Ramos e de tantas outras chegaram em forma de alimento e de apoio.Foto: Arquivo pessoalFoto: Arquivo pessoalFoto: Arquivo pessoalFoto: Arquivo pessoal

Edição: Cida Alves